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Aos poucos vou retomando o costume de ir ao teatro. Fomos ontem assistir "Leila Baby", em cartaz no Cultura Inglesa. O convite foi do Gravata, que vem a ser colega da atriz protagonista, Juliana Mesquita, e minha curiosidade pelo texto do Mário Bortolloto fechou o negócio.
Valeu muito a pena. Talvez num outro dia, ou numa outra peça, eu provavelmente rotularia a temática de drama pós-adolescente e desancaria aquela rebeldia de sarjeta como boba e simplista. Mas desta vez acho que fui pego pelo estômago, justamente por essa aparente simplicidade do texto do Bortolloto. Outro dia tínhamos ido ver a montagem de "A Serpente", com a Débora Falabella, e, apesar do pretensamente mais profundo texto do Nélson Rodrigues, a peça não me cativou da mesma maneira. Devo estar cansado de tantos psicanalismos.
Em "Leila Baby" não há traumas de infância. Há só o blues seco do cotidiano, um blues que começa com leveza e termina sem redenção. Os diálogos são ótimos, coloquiais e bem-humorados. O par de atores contribui muito. Juliana Mesquita conseguiu dosar bem o sotaque interiorano e o jeitinho patilene ingênuo da sua Leila, tirando bastante verdade do que poderia cair facilmente numa caricatura. O mesmo vale para Daniel Alvim. Seu personagem, o cruel destruidor de toda a inocência da Leila bebê, é, ainda assim, cativante.
O final me trouxe um gosto amargo. Não vou contar aqui, claro, mas acho que eu faria diferente. Mas, enfim, a peça não é minha, é do Mário. Cruel Mário, cruel.
Leila Baby
com Daniel Alvim e Juliana Mesquita
Direção de Jairo Mattos
Sexta (21h30) Sábado (21h) Domingo (19h)
Teatro Cultura Inglesa – Pinheiros
Rua Deputado Lacerda Franco, 333
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