terça-feira, abril 18, 2006

Cotidiano & Repulsa ao Sexo



Gosto de ler o caderno de notícias locais dos jornais. Na Folha, acho que se chama Cotidiano. No Estadão, que leio aqui na casa da mamãe, se chamava Cidades e agora, acho que cresceu, se chama Metrópole. É sempre uma experiência de sensações contrárias. Por um lado, ali estão as matérias mais prosaicas, os acontecimentos mais cotidianos, as curiosidades mais singelas. Por outro, é também ali que se estampam todos os crimes e tragédias privadas que aconteceram no dia anterior.

É claro que, seja a curiosidade prosaica ou o crime cruel, o destaque especial vai sempre para a notícia com os detalhes mais inusitados, curiosos e particulares. Isso é jornalismo, afinal. Como diria Evelyn Waugh, "se um cão morde um homem, isso não é nada. Se um homem morde um cão, isso é notícia". Elementar, meu caro. Mas não importa. Por mais bizarros os acontecimentos, por mais "ponto-fora-da-curva" que sejam os crimes ali retratados, o caderno local sempre tem um gosto maior de realidade, de proximidade, do que as páginas de política ou qualquer notícia sobre os atentados em Israel ou as eleições na Croácia.

***

Tudo isso para dizer que hoje pela manhã eu havia me espantado com uma notícia lida no caderno Metrópole do Estadão. Entre um bebê jogado da ponte e outro asfixiado no carrinho, foi esta matéria em especial que conseguiu me chamar a atenção. Nem ia comentar por aqui, mas acabei de ler um post do Parada sobre. Vamos lá então.

Parece que uma garota de Marília teve fotos suas, transando com dois homens, publicadas no Orkut. Parece também que afixaram as tais fotos nas paredes do seu colégio. E que, durante a manhã, o diretor da escola foi obrigado a chamar a polícia pois os alunos do colégio, exaltados e indignados, ameaçavam invadir a sala de aula para acertar as contas. Com a menina fotografada. Tiveram que escoltá-la até em casa.

Como disse o Parada, quando eu li a matéria me ficou a sensação de algum erro de edição, de ter faltado algum parágrafo. Mas acho que foi esse mesmo o acontecido.

Soa como filme colegial americano, onde, em geral, a fotografada geralmente é aquela vilãzinha entojada que finalmente foi desmascarada. Na vida real, no entanto, a coisa fica muito, mas muito mais triste do que isso.

Nenhum comentário: