sexta-feira, maio 30, 2003



Duas curtinhas musicais:

- Já havia lido esse nome aqui e acolá, mas só ontem vi a tal Pitty na MTV. Por favor, alguém pode me explicar o que é aquilo?

- O Ventura já está em digestão. E já conseguiu despertar alguns sorrisos involuntários...



Olha só, uma edição mais bem acabada do texto abaixo, revisada e com fotinhos, está publicada lá no Scream&Yell. Dê um pulinho lá e aproveite também para ler o ótimo texto do Marcelo Costa sobre Tiros em Columbine.

Ainda quanto à "Última Noite", é interessante como este é um filme que não agrada a todos. Li algumas críticas bem insossas. Eu gostei bastante, mas, por exemplo, minha digníssima senhoura já não se empolgou nem um pouco.

Engraçado mesmo é que eu faço pose de flexível e tolerante, mas quando a Má discorda de mim confesso que fico cabreiro. A coisa fica ainda pior, porque aí tento convencê-la e invariavelmente não consigo. E então fico mais puto ainda.

Pôxa, tolerância e diversidade de opiniões são coisas ótimas, mas discordar do namorado é sacanagem, não é? Santa revolução feminina, Batman...

quinta-feira, maio 29, 2003



Momento Supercine de Cinema



A Última Noite

Edward Norton levava uma vida tranquila e confortável. Tinha uma bela namorada porto-riquenha de nome exótico, e com ela dividia um modesto mas aconchegante apartamento num bairro bem localizado de Nova York. Seu pai, como bom membro da comunidade irlandesa da cidade, é dono de um pub e faz o tipo beberrão boa-praça que costuma distribuir rodadas de cerveja Guiness de graça a cada vitória dos NY Yankees. Edward Norton, por sua vez, preferia uma vida mais tranquila. Costumava caminhar pelo parque durante as manhãs. Ninguém poderia dizer que aquele simpático sujeito que passeava com seu cãozinho na coleira ganhava a vida traficando cocaína.

Em A Última Noite, porém, a estória acima já é passado. Spike Lee, o mais aclamado e polêmico diretor negro americano, aquele que tem Nova York no sangue, conta em "25th hour" ("vigésima quinta hora") justamente o último dia de liberdade de Edward Norton, condenado a 7 anos de prisão pela sua pacata atividade de distribuição de entorpecentes.

O olhar de Spike Lee sobre estas vinte quatro (ou vinte cinco...) horas de derradeira liberdade é, ao mesmo tempo, duro e sensível. E me fez enxergar uma estória sob pelo menos duas perspectivas, diferentes mas complementares.

A Última Noite pode ser visto, por um lado, como uma forte e bela estória de amizade. Porque Edward Norton, ao se ver traído, julgado e condenado, ao perceber que jogou pela janela não só os próximos sete anos de sua vida, mas também o pouco que havia construído até ali, só encontra segurança e apoio na companhia de seu pai e de seus amigos de infância: Berry Perry e Phillip Seymor Hoffman. Estes dois são sujeitos tão diferentes dele próprio e também entre si, que é difícil acreditar que exista ali qualquer cumplicidade. Só mesmo uma amizade incondicional, daquelas que a gente nem se lembra mais do início, pode superar tamanha diferença de personalidades. E é com eles que Norton planeja passar sua última balada, também em companhia de sua namorada. Sobretudo, é somente nestes amigos em quem ele confia. Nesse ponto, a temática de A Última Noite ganha um foco bastante masculino - essa cumplicidade, essa camaradagem quase mafiosa, isso é coisa muito mais comum e compreensível entre homens que entre mulheres. Muitas mulheres podem ficar um pouco de rabo-preso, por exemplo, ao ver o sujeito confiar mais nos amigos do que em sua amada.

Existe, porém, uma outra forma de se olhar A Última Noite. Para isso, basta colocar o filme dentro do seu contexto, digamos, histórico e político. Este é um dos primeiros filmes a ambientar sua estória numa Nova York sem as Torres Gêmeas. E Spike Lee não te deixa esquecer disso nem por um momento. Através do seu tradicional retrato apaixonado pela cidade, te faz sentir de perto o impacto causado pelo 11/9. Não só o impacto aparente, mas também o impacto encoberto. Vendo o filme dentro deste contexto, é impossível não fazer um paralelo entre a estória do traficante Edward Norton e os acontecimentos que agrediram a alma dos americanos.

Num belo dia, como outro qualquer, bam!, os anos dourados de Norton desaparecem. De repente, a casa caiu, a festa acabou, o mundo ruiu. Algo tão improvável como dois aviões se chocarem com o WTC. E, num supetão, Norton está ali, perplexo e com um dia inteiro de reflexões pela frente. Numa já clássica cena defronte ao espelho, Norton começa destilando intolerância e mandando às favas todas as suas fontes de insatisfação na metrópole: malandros italianos, jogadores de basquete negros, taxistas paquistaneses, quitandeiros coreanos, mafiosos russos. Fodam-se todos aqueles vermes inúteis. E, depois do acesso de raiva, se dá conta que o único culpado por sua condição é ele mesmo. Reconhece que somente ele foi responsável pelos seus atos. Mas ainda continua perplexo, escondendo seus medos quanto ao futuro, tentando analisar as culpas do passado, tateando no escuro em busca de aliados e de esperança.

Spike Lee muda bastante seu estilo em A Última Noite. É um filme cadenciado, de cores pastéis e acinzentadas. Não chega a ser lento, mas está muito longe do ritmo frenético que marcou as origens do diretor. Na temática, no entanto, Spike Lee continua incisivo. Contando a estória de amizade e de angústia dos personagens, ele não erra nunca. Por outro lado, quando quer deixar claro sua mensagem política, Lee pesa um pouco na mão e acaba soando desnecessariamente explícito. Abusa do risco de parecer inocente, cabotino, panfletário. Nada que desabone o filme, até porque a mão aqui não chega a ser pesada como a de Michael Moore. E nem precisava, pois A Última Noite é capaz de tocar em feridas muito mais profundas e escondidas que o aclamado Tiros em Columbine.





O banner acima tem duplo sentido. É um convite pruma festança de aniversário, mas também é uma porta de entrada pra você conhecer o trabalho de uma dupla de desenhistas-cartunistas ducaralho. Eu não conhecia e achei sensacional. E não estou dizendo isso só porque um deles é namorado de uma mulherzinha amiga minha, não. Os caras são bons mesmo, vão inclusive estar vendendo um novo fanzine lá na festa. Só três real. Ah, e a festa é na Funhouse, que é maior legal.

Se fosse você eu iria. E mesmo não sendo, eu vou.

terça-feira, maio 27, 2003



Agora é que são elas...

Sonhar não custa nada. Mas também dizem por aí que não adianta nada só sonhar, é preciso colocar as coisas em prática, fazer acontecer. É fácil entender, no entanto, porque na maioria das vezes não se sai do primeiro estágio. Sonhar é muito bom. Fazer, por outro lado, enche o saco e dá uma puta dor-de-cabeça.

Nesta longa, incerta e dolorosa transição entre o sonho e a ação, a pior fase é aquela do chamado "agora é que vamos ver". A hora de se colocar as cartas na mesa. Ou melhor, de se colocar as contas na mesa. É neste momento que a realidade se apresenta sem disfarce: fria, dura, cruel, vermelha e com quatro dígitos. Puta que o pariu, o que é que eu fui fazer...

Fiquei dois anos apertando o cinto até o último furo para conseguir uma coisa: reunir o kit-básico necessário para ir morar sozinho. Vocês sabem, teto, cama, refrigerador, microondas e televisão.

Muita pindaíba depois, o kit-básico está pronto. E agora, bem na minha frente, as condições objetivas se apresentam: mais contas sobre a mesa, um futuro incerto e uma geladeira vazia. Agora, na hora da decisão, só consigo me lembrar do que tenho a perder com essa mudança. Por isso, coloco a pergunta: por que raios afinal eu queria sair de casa mesmo?

Tá bom, eu já devo saber as respostas, mas frases motivacionais serão gentilmente aceitas na caixa-postal abaixo. Podem me chamar de bundão, inclusive.







No último sábado à tarde fui ver A Noite Americana, filme de François Truffaut. Fica a dica: se você gosta de cinema, não perca a oportunidade. Filme demais. Já falei que é imperdível, não? Pois então, é.

Como nunca tinha visto um filme do Truffaut, o programa serviu para matar essa lacuna. Mas me valeu também para descobrir algumas coisas:

- ver filme velho no cinema é muito mais legal que ver filme velho na televisão.
- ir ao cinema à tarde é ótimo.
- Jaqueline Bisset é tão, mas tão linda, que dá pena de saber que trinta anos já se passaram.

Nada melhor que descobrir obviedades de vez em quando.

quinta-feira, maio 22, 2003



Momento Supercine de Cinema

Punch-Drunk Love

Demorou um pouquinho, mas conforme prometido segue abaixo o texto sobre o filme Embriagados de Amor, ou Punch-Drunk Love.

O mesmo texto também está publicado lá no Scream&Yell. Dê um pulinho lá também, tem umas fotinhas legais do filme. E depois, volte aqui pra comentar, ok?

Amor em Tempos de Cólera

Que tal um programa romântico? Sair do trabalho, encontrar sua menina e levá-la ao cinema para assistir a estréia da semana, um filme que responde pelo singelo nome de "Embriagados de Amor" (Punch-Drunk Love - 2002, EUA). Tudo perfeito, meu amigo, inclusive pelo saquinho de pipoca que você certamente comprou pra ela. Tudo perfeito, meu amigo, mas agora é que são elas: está escrito que qualquer amor que resista à primeira metade de Punch-Drunk Love está fadado ao mais feliz dos finais. Mas não pense que a tarefa vai ser fácil...

Paul Thomas Anderson é um sujeito peculiarmente genial. Se preferir, pode-se dizer maravilhosamente estranho. Depois de ser responsável por dois novos clássicos do cinema, o épico-pornô Boogie-Nights e o indescritível Magnólia, sua intenção era realizar um próximo projeto simples, pequeno, sem o mosaico de estórias e personagens dos filmes anteriores. Só mesmo um sujeito muito estranho para, a partir dessa melhor das intenções, ter a idéia de escrever um roteiro especialmente dirigido a Adam Sandler, o atual astro do besteirol americano. Estranhamente genial, porém, é ele conseguir, depois de Mark Whalberg e Tom Cruise, novamente encontrar talento e dramaticidade onde menos se espera.

Mas voltemos ao filme. Ou melhor, ao seu encontro romântico. A sua intenção para com sua alma gêmea era criar um clima agradável, fofinho mesmo, propiciando o surgimento de novas oportunidades vindouras. "Embriagados de Amor" parecia a escolha ideal, afinal, por classificação dos cadernos culturais, é uma comédia romântica. A sinopse também parecia adequada: sujeito introvertido, solitário e controlado pela família tem sua vida pacata e rotineira virada do avesso após algumas armadilhas do destino. Depois do baque, tem a oportunidade de encontrar a salvação nos braços de um novo amor. Estória digna dos maiores clássicos do gênero. O tiro parecia certeiro.

Infelizmente, nada é o que parece, meu amigo. Muito, mas muito cuidado mesmo ao entrar em um filme de P.T. Anderson. Tudo pode acontecer, e você já devia saber disso. Quando o tal diretor ainda cisma em dirigir Adam Sandler então, é melhor aguardar esquisitice grossa por aí. Como era de se esperar, a tal comédia romântica não era nada daquilo que seu encontro romântico gostaria de esperar.

Os primeiros quarenta minutos do filme são extremamente desconfortáveis. P.T. Anderson não dá moleza nem tempo para o aquecimento. Começa a desconcertar tudo desde o início, e a postura de Sandler, sua vida, seu trabalho, sua família, tudo é medíocre, neurótico e depressivo até a milésima potência. Como é de se esperar, tudo isso devidamente ressaltado pelas simbologias malucas de Anderson. E pelos acontecimentos surreais que começam a virar a vida de Sandler de cabeça para baixo.

Já não tinha clima pra namorar, aliás, nem encontrava posição confortável na cadeira. Mas que raios, será que não existem pessoas normais no mundo? Estamos todos condenados às paranóias, traumas, decepções e ataques de fúria? De quando em quando, em algumas cenas peculiarmente ácidas, risadas se espalhavam pelo cinema. Mas eram risadas nervosas, fugitivas. Como a vida do personagem de Sandler, tudo na tela era estranho, inadequado, nervoso.

Felizmente, Anderson é um otimista e acredita no amor. A redenção, pelo amor e através dele, já foi o tema central de Magnólia e volta aqui com força total. Assim como a idéia mais fascinante dos filmes de Anderson: a de que a tal redenção e o tal amor seguem regras tão padronizadas e são tão previsíveis como uma chuva de sapos. Apesar de tudo, de toda a neurose, violência e absurdo da vida atual, quando algo toca o coração, aí não tem jeito: que todos os problemas saiam da frente, há agora força para tudo.

Não conto mais para não estragar o final do filme. Mas digamos que a recuperação de Sandler, o como e o porquê (na verdade, o por quem...) por trás da virada que ele dá em sua vida, são tão singelos e belos que me fazem até esquecer o sofrimento da primeira metade da sessão. Mais que isso, me fizeram até mesmo ter vontade de ver o filme novamente, só para ver se o começo era tão
massacrante mesmo. Mas isto já é coisa de cinéfilo masoquista.

Talvez Anderson tenha exagerado um pouco na esquisitice desta vez. Mas, assim como nos encontros de amor, se você superar o início nervoso, tudo no final vai acabar muito bem. E o saldo, mesmo sofrível, torna-se bastante positivo. Uma coisa é certa: "Embriagados de Amor" é a comédia romântica mais desconfortável e esquisita que já assisti em toda minha vida. Se isso te atrai, vá em frente. Senão, melhor reconsiderar, ir até a locadora e alugar um filme da Meg Ryan.


quarta-feira, maio 21, 2003



Quando pessoas são mais confiáveis

Impossível não criar expectativas a respeito das pessoas. Digo impossível, mas, no fundo, quero dizer desaconselhável. Porque acredito que adotar para si uma postura de ceticismo e de cautela exageradas pode trazer tanta infelicidade quanto quebrar a cara numa decepção qualquer. Afinal, não vejo como viver de verdade sem acreditar, confiar ou se entregar, sinceramente, a alguém. Seletivamente e de olhos abertos, é claro.

As pessoas, ah, as pessoas. Por mais que o tal ser humano seja complicado, que sentimentos sejam reações químicas altamente voláteis e que valores éticoss não passem de convenções artificiais e relativas, por mais que os traumas da vida desabonem qualquer tipo de confiança, não dá para ser feliz sem se arriscar com elas. O mundo seria antiséptico demais se não críassemos e abusássemos das expectativas.

No quesito confiança, no entanto, acabei de descobrir que existe algo que merece muito menos crédito que nós, falíveis homo-sapiens. Nunca, mas nunca mesmo, coloque suas expectativas numa Organização. Sim, ela mesmo. Nunca confie em uma Organização. Me lembro de já na escola primária ter ficado um tanto desconfiado dos tais substantivos abstratos. E hoje me provo que a sabedoria está, sem dúvida, naqueles anos de infância.

Por favor, não quero colocar nenhuma carga política aqui. Não quero defender bravatas já batidas como "é por isso que o comunismo não deu certo" ou "só a liberdade do indivíduo salva". Não é nada disso. A incrível Organização na verdade é coisa bastante simples. Me refiro a qualquer unidade abstrata, coletiva, e organizada na busca de um determinado objetivo. Chamem-na de Burocracia Estatal, de Corporação Capitalista, de Igreja, mas aí vou estar soando um tanto kafkaniano, ultra-liberal ou anarquista. Como já disse antes, a Organização que me refiro é coisa simples. Pode ser a banca do jogo do bixo da esquina, o condomínio do seu prédio, a ONG que proteje o urso panda da China. Pode ser a comissão de formatura, o centro acadêmico ou a atlética da sua faculdade. Pode ser a associação dos amigos do seu bairro, o sindicato dos seus colegas de trabalho, o centro espírita que você frequenta. A fundação, a instituição, a federação. E também, é claro, pode ser a Burocracia Estatal e a Corporação Capitalista.

Foi inevitável, acabei soando político, kafkaniano, ultra-liberal e anarquista. Não quero isso, muito pelo contrário. Não sou contra a indomável Organização, acredito que ela seja bastante útil e necessária para a vida em Sociedade. E a tal Sociedade, apesar de ser igualmente abstrata, já é alguma coisa que me soa digamos assim, mais humana.

Não se trata então de acabar com a impiedosa Organização. Ela é, digamos, imprescindível. Mas, repito, nunca coloque suas expectativas sobre uma Organização. Nunca acredite, nunca confie, nunca entregue seus sonhos a ela. Seja sempre cético, cauteloso, desconfiado, frio, distante. Ao contrário das pessoas, não compensa arriscar-se com ela. O custo-benefício, no longo prazo, vai ser sempre deficitário. Trate-a como o mais baixo dos salafrários. Não espere nada, o que vier é lucro.

Por que a Organização não tem cara. Se quiserem ser piegas, a Organização não tem coração. Se ser piegas lhe incomoda, pode-se dizer que a Organização não se importa com respeito, educação, honra, sentimentos. Pode parecer estranho, mas a Organização não se importa nem mesmo com profissionalismo, qualidade, merecimento. No fundo, a Organização não dá a mínima para as pessoas. Seu interesse está simplesmente em se auto-sustentar, em garantir sua própria sobrevivência. E agora, de novo além de kafkaniano, soei darwiniano.

Pior que tudo isso, a Organização possui uma utilidade ainda mais mesquinha. Ele serve de escudo, e atrás dela as pessoas escondem o pior de si mesmas. Porque a Organização serve de abrigo àqueles sentimentos voláteis e aos valores éticos relativos dos quais falamos antes. Em nome dos objetivos maiores (e abstratos) da Organização, e sob a sua máscara, se escondem a negligência, a incompetência, a fraqueza, o mau-caratismo, a traição.

Nunca confie em algo que não pode te olhar nos olhos.Seja mais você, se garanta, se possível nunca dependa dela. Se não for possível, cautela nunca fez mal à ninguém. Porque, ser decepcionado por uma pessoa pode doer bastante. Mas ao ser decepcionado por uma Organização, meu amigo, você nem mesmo vai ter a chance de dar uma porrada na cara dela.

segunda-feira, maio 19, 2003



Bem, depois eu tento escrever alguma coisa decente, mas posso adiantar que Punch-Drunk Love é a comédia romântica mais desconfortável da história do cinema desde sempre.

Se isso te atrai ou não, aí é você quem decide...



Solitude*

Felipe arrumava seu gorro de lã preto, olhando-se no espelho do banheiro do cinema, quando tocou o telefone. Tavinho? Falaí, mano. Sei. Na casa da amiga? Da hora... Aí, prestenção, me liga daqui a pouco, eu vou atender e falar que eu não vou, mas eu vou, falô? Entendeu, vou falar que não vou mas eu vou, falô? Me espera aí, tá legal?

Guardou o telefone no bolso e se olhou no espelho de novo. Saiu do banheiro tentando disfarçar a excitação. Mariana já esperava no corredor e sorriu. Deram as mãos e ainda demoraram a achar o caminho até o estacionamento.

***

Chegou em casa apressada. A mãe estranhou quando a viu passar correndo pela sala. Não era nem meia-noite, chegou cedo minha filha. Que saco, tinha que ouvir quando chegava tarde e também quando chegava cedo. Realmente a mãe não gostava que ela virasse a noite por aí. Brigava. Mas qual a mãe que não briga, afinal, cada um tem o seu papel, o da mãe era reclamar, o dela era chegar tarde. E estavam combinadas. Às vezes ela ficava de saco cheio, admite, tinha até contado ao namorado sobre isso. Estranho que, depois disso, o namorado é que passou a se preocupar com o assunto. Melhor te levar pra casa, senão tua mãe briga, não é? Na maioria das vezes eles não ligavam para os horários, mas agora, de quando em quando, ele aparecia com essa preocupação. Legal ele se importar, mas ela não gostava de chegar em casa cedo, sentia que estava perdendo alguma coisa, ficava triste.

Hoje, porém, ela não tinha se importado. Quando ele falou em deixá-la em casa, ela não reclamou, quase deixou escapar um sorriso. Fazia uma semana que estava com a cabeça longe, que andava meio desligada. Chegar cedo esta noite viria mesmo a calhar. A simples idéia de poder aproveitar aquele tempo já tinha a deixado ansiosa. Atravessou correndo a sala, nem ligou para ironia da mãe. Entrou no quarto, bateu a porta, sentou-se e ligou o computador. Os cinco minutos de espera até o login pareceram intermináveis, mas, infelizmente, Icarus não estava on-line.

***

A campainha tocou pela segunda vez e o Seu Moreira não pôde esperar mais. Levantou-se, mas antes de atender à porta voltou ao micro e desligou sua conexão discada. Trocou duas palavras com o Chico, perguntou como estava o movimento da noite, disse que hoje não tinha gorjeta e entrou para a cozinha com sua pizza de calabresa. Nada mal aquela pizza, mas ainda era inigualável à pizza de calabresa da cantina do colégio. Comia um pedaço por dia, no intervalo, e aquela lembrança enchia sua boca de água. Havia trabalhado durante quinze anos naquela última escola. De toda sua vida lecionando História, aquele sem dúvida fora o lugar de onde tinha melhores lembranças. A Dona Cleusa da cantina, sempre uma simpatia. E aquela pizza de calabresa, meu deus, lhe dava até um aperto no peito.

Seu Moreira suspirou, jogou as moedinhas de troco sobre o balcão e deixou as lembranças de lado. Não era nada mal aquela pizza. Voltou ao quarto, colocou-a sobre a cômoda, ao lado da garrafa de Coca-Cola que já estava lá, e conectou-se novamente. Tomara que ninguém tenha dado falta dele.

***

Tatiana estava deitada sobre a cama há quase meia hora. A luz estava apagada, o rádio tocava baixinho. Seus pais viajaram e a casa era delas naquela noite. Roberta havia ficado na sala vendo televisão, mas estava agora batendo na porta do quarto. Tatiana, abre essa porta, menina, estou ficando preocupada. As pizzas já chegaram e os meninos devem aparecer daqui a pouco.

Tinham combinado uma festinha esta noite, mais gente ia aparecer. Tudo que ela menos queria agora, festinhas, mais gente. Já estava com Roberta desde tardezinha, tomaram umas cervejas e depois acenderam um baseado. Era o suficiente pra ela, sua boca estava amarga. Queria só ficar ali deitada, olhando para um teto que não conseguia enxergar. Virou o travesseiro para evitar o lado já úmido e pensou que se o Tavinho aparecesse hoje ela ia encher a cara dele de porrada.

* Solitude é o nome de uma música muito legal do Duke Ellington.

sexta-feira, maio 16, 2003





Tudo na vida tem dois lados. Desligando meu micro aqui, estou indo ver o novo filme do Adam Sandler. Por outro lado, é também o primeiro filme do Paul Thomas Anderson depois de Magnólia.

Punch Drunk Love, ou Embriagado de Amor. Depois conto o que achei.



A Nova-e abre espaço ao escritor Austregésilo Carrano Bueno, autor do livro que deu origem ao premiado filme "O Bicho de Sete Cabeças" na sua luta jurídica contra os responsáveis pelo violento tratamento psiquiátrico que sofreu dos 17 até quase os 21 anos. Embate desigual que só a disseminação incansável na Web pode ter chance de reverter.

Não conheço os detalhes do caso do Sr. Austregésilo. Por desleixo meu, confesso que ainda não assisti "O Bicho". Também não acredito que qualquer opinião sobre o sistema manicomial brasileiro possa ser colocado num simples jogo de "do contra / a favor".

O que espanta é que o sujeito está sendo condenado a pagar uma indenização por ter publicado a sua história. E isso sim, independente de maiores análises ou afinidades, é preocupante. Custa nada abrir o olho e jogar a merda no ventilador (disgusting, não?).



O estado de umbiguismo que este bloguito apresentou nos últimos dias foi tamanho que devo ter espantado até mesmo os leitores mais teimosos. Imaginem os desavisados.

Mas já é hora de parar com as divagações e meter bala na agulha, sem amarras nem encanação. Pra variar, aproveito o momento para colocar mais três nobres links ali na lista de "navegantes". São três blogues que já leio faz algum tempo e não sei porque ainda não os tinha colocado ali (sei que isso é clichezinho básico, mas é a mais pura verdade...).

Já devem ser conhecidos de vocês, mas preciso dizer que acho o Rafael, o Breno Pessoa e o Daniel Lima três sujeitos de muito talento. E posso dizer que a sensibilidade, o desprendimento e a espontaneidade que sinto neles me servem de inspiração para novos caminhos.



Divagações de uma mente preguiçosa - 2

Uma pessoa muito importante para mim um dia me disse que sou auto-indulgente. Fui procurar no dicionário - indulgente: 1. Pronto a perdoar; 2. Condescendente, complascente. E auto, até onde eu sei, quer dizer consigo próprio.

É, pode ser. Mas talvez preguiçoso seja uma palavra mais adequada. Sim, eu sou é preguiçoso. Porque ser auto-indulgente, não, isso exige prática e habilidade, ainda estou tentando chegar lá. Não consigo ser um desencanado, por mais que eu tente. No máximo sou um auto-indulgente com sentimento de culpa, uma classe ainda imperfeita. Por outro lado, estou treinando, e talvez todas aquelas minhas lamuriações dos posts anteriores sejam apenas tentativas de arranjar uma desculpa convincente para minha preguiça crônica. E, enfim, conseguir ser auto-indulgente de forma plena e competente.

Não quero mais desculpas, no entanto. Tento me convencer de que não são elas que estou procurando. Neste umbiguismo, o que quero é entender, ponto. E então desatar alguns nós que ficaram no caminho. Me livrar tanto das cobranças quanto das desculpas, soltar algumas das amarras que ainda existem.

Depois, é um passo para o Nirvana. Buda que se cuide.

quinta-feira, maio 15, 2003



Carandiru em Cannes

A seleção de Carandiru para a mostra oficial do Festival de Cannes me fez lembrar uma teoria que o Alex Antunes propôs já há algum tempo. Era mais ou menos assim. As reações, da opinião pública e da crítica, a um determinado fato ou expressão cultural, sofrem de um certo "delay" no tempo. Ou seja, chegam um tanto atrasadas e acabam atingindo o alvo errado.

Isso explicaria, por exemplo, as reações adversas ao Cidade de Deus, que metralharam o filme pela sua "glamourização da violência" e "cosmética da pobreza". Na idéia do Alex, estas críticas na verdade deram vazão a um sentimento acumulado durante outros sucessos do novo cinema brasileiro, como Central do Brasil e Eu, Tu, Eles. Cidade de Deus apenas pagou o pato, injustamente, pela demora desta reação.

Então fico aqui pensando com meus botões que só isso pode explicar a seleção de Carandiru para o festival. Carandiru é um bom filme, Babenco tem nome, influência, coisa e tal. Mas essa indicação deve muito à onda de choque provocada pelo filme de Meirelles. Cidade de Deus causou furor ano passado em Cannes, quando foi exibido na mostra não-oficial. E talvez a reação de reconhecimento ao novo cinema urbano brasileiro tenha demorado um ano para chegar.

Reconhecimento certo, alvo errado. Porque os filmes são incomparáveis, sob qualquer perspectiva.



Só pra descontrair, um pouco de poesia concretina futebolística:

Timão?
Puff...
ff...
f...
..
.
timinho



Pois é, como falei no sábado, estava matutando uma estorinha pra tentar ilustrar e me fazer entender minha profunda e severa problemática existencial. A estória é mais ou menos a seguinte.

***

João é casado com Maria. Lá se vão já sete anos. Conheceu Maria na faculdade e, assim meio sem querer, fez de Maria sua vida. Maria nunca foi a menina dos sonhos de João, ele nunca havia procurado alguém como Maria. Mas, quando ela apareceu, o encaixe foi tão perfeito, tão suave, que João viu que era bom. E amou Maria.

Sete anos, muitos bons e maus momentos depois, João e Maria ainda formavam um casal feliz. Bem, digamos assim, passavam por uma fase não muito estimulante, mas, vá lá, quem é que não tem suas fases ruins. Para azar de João, bem no meio dessa fase, apareceu Júlia. E Júlia era linda, Júlia era divertida, Júlia era quente, Júlia era cheia de sonhos. Ah, Júlia... Fez João se sentir como já não se sentia há muito tempo, sete anos ou mais.

De repente João percebeu que Júlia era a mulher que sempre sonhara. Que sua vida até ali podia ter sido um erro. Mas, raios, será mesmo? Ele sentia que ainda gostava de Maria, de alguma forma. Anyway, nevermind, whatever, pra que se impor uma decisão, não é mesmo? O que importa é que Júlia lhe dava prazer e esperança e então João passou a dedicar-se cada vez mais a ela.

João renegou Maria, esqueceu Maria, deixou a moça largada num canto. Passava com ela o tempo necessário, mas gostava mesmo era de estar com Júlia. Era para Júlia que comprava presentes, com Júlia que fazia planos. João chegou mesmo a pensar em largar Maria e assumir Júlia de uma vez por todas. Mas hesitou novamente.

João tinha dúvidas e tinha medo. Primeiro porque, apesar de tudo, ainda sentia que gostava de Maria, e não queria jogar pela janela aquela história. Depois, porque João havia conquistado uma vida estável com Maria. A grana pintava em casa, e João tinha seus confortos. Júlia era jovem, pobre e desempregada, João ia ter que sustentá-la, teriam que começar a vida outra vez.

A barriga empurrou qualquer decisão para frente, mas João continuava se concentrando em Júlia e deixando Maria de lado. Se divertia com Júlia, cumpria seus deveres com Maria. Criava expectativas em Júlia e renegava Maria.

Chega um dia porém, que João se sentiu estranho. Ver Maria daquele jeito, aquela mulher de quem tanto gostara. O desprezo com que a tinha tratado, aquela negligência, aquilo lhe apertava o coração. De um outro jeito, as coisas com Júlia também pareciam diferentes. Toda aquela expectativa, e a não conclusão das expectativas, foi como se a química entre os dois já estivesse falhando. Foi tudo fogo de palha, será? Não, Júlia era sonho, e não se pode deixar sonhos assim para trás. Mas João não estava feliz. Não estava.

Depois de algum tempo de dilemas, João dormiu bem uma noite e levantou de manhã mais leve, com a mente mais clara e uma resposta no bolso. João precisava de equilíbrio. Explico melhor: João não conseguia viver com aquele desequilíbrio na sua vida. Não conseguia ter prazer com Júlia, mas passar a maior parte de seu tempo desprezando Maria. Estava vivendo com Maria por obrigação, somente para passar momentos felizes com Júlia. Isso não era o bastante. Principalmente porque, além de tudo, fazia Maria infeliz. João tinha duas opções: a decisão ou o equilíbrio. Ou decidia de uma vez arriscar-se com Júlia, ou teria que equilibrar sua vida entre as duas, voltando a se dedicar e a sentir prazer também com Maria.

Como todo homem dividido entre duas mulheres, definitivamente João ainda não estava pronto para uma decisão. Pelo menos por enquanto, e quanto a isso João decidiu ser paciente e resignado. O tempo se encarregaria de dizer a hora de decidir. De certa forma João escolheu, podem chamá-lo de canalha, de acomodado ou de ambos, mas João escolheu permanecer com as duas. No fim, foi melhor para elas também. Porque João optou pelo equilíbrio. Voltou a se importar, a se dedicar e a ser feliz com Maria. E, se livrando das expectativas imediatas e da pressão excessiva, ganhou de volta a naturalidade e a alegria de estar com Júlia.

Canalhice ou não, todos ficaram felizes. Até quando, ninguém sabe, mas isso também não interessa agora.

***

Felizmente, isso não tem nada a ver com mulheres.

Só peço ao João pra repetir mais uma vez comigo, em alto e bom som: FODA-SE!, e que venha a vida.

sábado, maio 10, 2003



Scream & Yell Lives

Deve ter sido o clima da Páscoa que chegou meio atrasado. Renascimentos, ressurgimentos, sabem como é... O fato é que o melhor e-zine pop-cultural da net, o Scream&Yell, havia morrido em Outubro do ano passado e, lógico, deixado saudades. Alguns já desconfiavam e agora tudo ficou confirmado. O S&Y não tinha batido as botas - estava só em coma. E ressucitou agora, para o bem do povo e alegria geral da nação.

Isso já bastava para me deixar feliz. Mas, além disso, também fiquei orgulhoso de poder dar minha pequenina ajuda nesta nova vida do S&Y. Tem texto meu lá, sobre o cineasta alemão Tom Tyckwer, diretor de Corra Lola Corra. Confira, me diga se ficou legal, e aproveite para colocar de volta o S&Y na sua lista de links.

O Marcelo Costa, editor do site, parece que ainda tem mais surpresas pintando por aí. É só o começo do recomeço. Parabéns Marcelo, e longa nova vida ao S&Y.



Divagações de uma mente preguiçosa

Já se tornou praxe. Sempre que este bloguito começa a ter crises de ânimo e entra num ritmo mais e mais letárgico, devagar quase parando mesmo, aparece o criador (modestamente, eu mesmo) decretando a solução dos problemas: hei de mudar tudo, do lay-out aos links, do estilo à proposta, da cor de fundo ao tamanho da fonte. E profetiza: da mudança, se fará a luz.

Mas do grito "haja um novo template!", nada se fez, nada surgiu. E como que por birra, da ordem "faça-se mais frequente!", tudo se tornou cada dia mais rarefeito, as galáxias se afastando, o espaço se esticando, a matéria se dissipando. Quase o vácuo, quase o fim. Quase um mês de um blog catatônico.

É fácil entender que o problema (ou a solução para o problema...) não está na mudança do lay-out, na renovação do ambiente. Suspeito que meu buraco é mais embaixo, no bom sentido é claro. Perigando plagiar o Wando, acho que é uma questão de manter o tesão, o prazer e o desejo. Porque é até simples descobrir algo que te dá tesão, que se gosta de fazer e que se querer fazer. Díficil mesmo, é se entregar definitivamente a esse algo. Encontrar a maneira de assumir, de matar a vontade, de vestir a camisa de verdade.

Não, amigos, não estou soltando a franga. Isto não tem nada a ver com lantejoulas e purpurina. Sei que estou sendo extremamente confuso, vago e prolixo. Provavelmente até, a esta altura ninguém mais está levando estas linhas à sério. Mas infelizmente, sim, estou tentando falar a sério. Tudo isso tem a ver, na verdade, com escrever. Com gostar de escrever, com querer escrever, com como achar uma forma de escrever e como vestir essa camisa de vez.

Li um frase há um tempo atrás, já não lembro onde nem de quem: "o sujeito que escreve carta pra jornal, das duas uma: ou é louco, ou quer ser articulista". Não dá pra levar ao pé da letra, mas que tem sua razão, ah tem. Sempre gostei de escrever. E na tal da internet, no tal "mundo bloguento", encontrei um ingrediente perigoso a este prazer pecaminoso: o lado de lá, o outro, o leitor. No man is an island, como diria Jon Bon Jovi, e quem não escreve para os outros que coloque seus textos na gaveta. É claro que não é só questão de ego, é a interação, é a possibilidade de comunicação, divulgar, influir, debater, sentir-se parte. Mas é lógico, é questão de ego também. Quem não gosta de ser reconhecido, afinal? Ainda mais por algo que, de verdade, gosta de fazer?

Pois é, descobri que ainda gostava de escrever e então o blog me trouxe, além da disciplina (não muita...), alguns pobres incautos que leram e, irresponsáveis, até que gostaram. E me deram idéias, esses incautos. Me criaram expectativas, os cruéis. E mesmo sabendo que há muita gente por aí que, mesmo com muito mais estofo do que eu, ainda não conseguiu, pensei que talvez houvesse uma pequenina possibilidade lá no fundinho do túnel de que um dia eu pudesse fazer desse prazer um novo modo de vida.

Não desisti. Mas também não virei a mesa, nem mesmo entrei para a Escola Panamericana de Artes. O irônico é que, vivendo neste dilema, acabei perdendo o tesão, o desejo, o prazer. Dilemas, ó, dilemas... Mas não pensem que não podia ficar pior: acabei criando um dilema sobre o dilema: será que não tinha mais tesão de escrever, ou não tinha mais tesão por esse bloguito? Precisaria eu de um viagra editorial? Ser ou não ser, é esta mesmo a questão?? Como diria a Ionita, devo sofrer de problemas psicológicos severos.

É difícil de acreditar mas, de toda essa divagação, emergi com uma resposta. Ou algumas, talvez. Quem disse que toda essa viagem ao didentro não ia me poupar uma ida ao analista? Antes, porém, queria contar uma estorinha, só pra deixar as coisas mais claras. Se alguém conseguiu sobreviver a este texto, não custa nada acompanhar mais um pouquinho. Tá com sono, já? Tá bom, então a estorinha fica para amanhã, pois agora já é mesmo tarde e a labuta pela manhã não tarda.

terça-feira, maio 06, 2003



Basta Maio chegar que muita gente por aí (generalizar é ótimo, não?)... bem, como ia dizendo, basta Maio chegar que muita gente já começa a reclamar: é o frio que chegou cedo, é a garoa que não pára, é o inverno que já está aí.

Quanto ao inverno, não tenho opinião formada. Mas eu adoro Maio. Maio é o mês das mexiricas. E eu adoro mexirica. E ainda é Maio, e é ótimo saber que ainda temos mais seis meses de mexirica pela frente. Estão sentindo o cheiro?



Vocês acharam que isto aqui ia acabar, é?

Não, não agora, pouco antes de completar um ano. Não quero este bloguito fazendo parte dos índices de mortalidade infantil. Um ano, pelo menos. Depois, ah, depois o filho tem que andar sozinho. Ou não. Mas aí é outra estória...