sexta-feira, abril 29, 2005

Conversas do Planalto



Brasília, 20h50. Piantella. 202 Sul. Restaurante. Roda de amigos.

- A melhor frase de feminista que eu já ouvi na vida foi numa convenção lá no Itamaraty. Uma mulher pediu a palavra e falou: “Eu só vou acreditar em igualdade entre o homem e a mulher no dia em que nomearem pra um cargo importante uma mulher incompetente”.


O Nomínimo publicou três colunas com fragmentos de conversas colhidos pelos recantos da nossa capital. O garimpo é obra de João Moreira Salles e Raquel Zangrandi. Várias pérolas, vale conferir.

quinta-feira, abril 28, 2005

Poucos e disputados



A banda de brit-pop-dark-punk-rock-andrógino Placebo tocou ontem em São Paulo. Tenho certeza que iria me divertir bastante, mas não fui ao show. Há duas semanas tentei comprar ingressos na FNAC e bati com a cara na janelinha da bilheteria: lotação esgotada. Malditos indies, compraram tudo com antecipação monstro.

Isso faz refletir sobre a agenda minguada de shows internacionais no Brasil. Algo não bate nessa estória. Se uma banda de público sectário vem ao Brasil para fazer 8 apresentações e consegue esgotar bilheterias, percebe-se que o fato de não termos mais atrações por aqui não é um problema de público. Afinal, o que se vê é um público com demanda reprimida bancando os custos ainda altos dos ingressos dolarizados.

Alguma outra coisa deve comprometer. Falta de iniciativa, tomada de risco, profissionalização. Será que é só mesmo possível bancar estes eventos com o patrocínio de telefônicas ou cervejarias? O Curitiba Pop Festival, ano passado, pareceu mostrar que outras fórmulas são possíveis. Em junho próximo, teremos shows-solos do White Stripes, que volta com a segurança gerada pelo sucesso do show carioca de 2003. Mas eram necessários muito mais destes exemplos.

Fico só nas conjecturas. Gostaria mesmo era de ouvir uma experiência mais pragmática sobre isso. Promotores de eventos, pronunciem-se.

Mexendo com a massa



Durante esta última semana, vários comentaristas esportivos espalharam o receio de que Romário fosse vaiado pela cruel torcida paulista, justamente na noite de sua despedida do selecionado canarinho. Falavam do bairrismo, lembravam uma suposta rejeição ao peixe.

Quanta pataquada mediática, meu Deus. Mas ontem o Pacaembu deu sua resposta.

Como se sabe, o jogo era também parte das comemorações dos 40 anos da platinada Rede Globo de Televisão. O baixinho marrento foi devidamente ovacionado ao sair de campo. Minutos mais tarde, porém, a torcida não demonstrou nenhuma caridade. Ouvia-se claramente pela TV um canto melodioso:

GALVÃÃUN, *%IAADO!!

E depois, num ritmo mais marcado:

Ê, GALVÃO, VAI TOMAR NO #*!!

Mais tarde, ainda viria o melhor da noite:

ÉSSEE, BÊ-TÊ!!

Sensacional.

Nunca subestimem a horda paulista. Ela sabe escolher suas vítimas com precisão cirúrgica e leves toques de ironia.

quarta-feira, abril 27, 2005

Vai um jurozinho aí?



Quando ouvi esta ordem do nosso presidente, dei um sorriso de canto de boca e me orgulhei da minha pró-atividade. Já cumpri suas recomendações com bastante antecedência, meu capitão.

Mês passado, eu estava afundado no cheque-especial. Levantei my fat ass do sofá, liguei para um amigo e ofereci um negócio bom-para-ambas-as-partes. Rapaz bem sucedido, ele tinha disponível o capital que me era necessário. Eu, de minha parte, lhe oferecia um jurinhos bem maior do que ele conseguiria numa aplicação segura, mas, ainda assim, muitíssimo menor do que eu seria obrigado a pagar se optasse pelo crédito de qualquer instituição do sistema bancário formal. Simples assim.

Era a esse tipo de iniciativa que Lula se referia, não?

Se eu entendi bem, nosso presidente deve ter mesmo se rendido ao liberalismo econômico mais radical. Prega agora que tudo isso que está aí - instituições, bancos, regras, governo, políticas - só serve para atrapalhar. Porque somente fugindo a tudo isso, dando um jeitinho, partindo para o cada-um-por-si e informalizando-se de vez, é que se torna possível escapar aos preços abusivos do nosso cartelizado sistema financeiro nacional.

Diga não aos juros abusivos. Arranje um agiota gente-boa.

Ironias a parte, eu não tenho nada contra encontrar caminhos que passem ao largo do sistema. Muito pelo contrário. Mas o commander-in-chief do sistema não pode defender esses caminhos, ora pois. A função dele é trabalhar para que as coisas funcionem melhor dentro do sistema. Reclamar, senhor presidente, é função nossa, tire a mão daí.

Vão dizer que o que Lula disse não passa de mais uma bravata de palanque. Isso é claro. É óbvio também que ele segue uma já manjada estratégia de comunicação pós-moderna que, a fim de preservar sua imagem pública, coloca-o a parte de qualquer ato duro-mas-necessário imposto pelo governo. Lula reclama dos juros altos, como se o Banco Central já possuísse autonomia e ele não tivesse mais nada a ver com isso.

Para sobreviver no poder, é claro que é preciso ser liso. No entanto, como eleitor do homem, confesso que já ando bastante cansado desta tática. FH já praticava o mesmo feitiço, mas Lula tem exagerado na dose. Ao invés de alguém que insiste em se descolar da realidade, criando versões e alternativas fantasiosas, eu preferiria um presidente que assumisse os atos do seu governo e se esforçasse para explicar a necessidade dos xaropes amargos. Mas isso sim parece fantasia.

segunda-feira, abril 25, 2005

Às vezes sempre



A música que postei abaixo, Sometimes Always, foi gravada pelo The Jesus and Mary Chain em 1994, num álbum chamado Stoned & Dethroned. Foi uma das últimas canções da carreira do grupo e suponho que, naquela altura, não deva ter agradado muito aos admiradores mais antigos da banda.

Sem microfonias ou distorções, Sometimes Always é apenas uma balada. Uma linda canção na qual Jim Reed suplica para que Hope Sandoval, sua cara-metade nos vocais, o receba novamente. Enfim, são raros os duetos românticos que não se transformam em pieguices constrangedoras. Não julgo se este salvou-se desta sina. Só sei que se tornou uma das minhas canções prediletas.

Assim como se vê nesta canção, as voltas nem sempre trazem explicações. Mas não se enganem. Sempre existe um motivo. Os porquês, no entanto, nem sempre são confessáveis ou, até mesmo, nem sempre são claros o suficiente para serem expressados.

Eu, que já declarei o fim inevitável deste bloguito, decidi agora pelo seu inevitável recomeço. Depois de mais de um ano, as mudanças por aqui se resumem ao template. Afinal, alguma coisa precisava mudar. Também havia pensado em me forçar alguma direção, me tornar mais focado e objetivo. Desisti. Porque sei que, de quando em quando, vou querer despejar por aqui divagações sem sentido e desabafos cifrados. Não tenho escapatória. Deixo então as regras para meu emprego das 8 às 17 e, aqui, vai ser escrever por escrever mesmo. E vamos nessa mais uma vez. Let’s fail better, ora pois.

I’ve been away and now I’m back, disse Jim Reed. Às vezes é simples assim. Ou, talvez, é melhor que seja simples assim.

Sometimes Always


I gave you all I had
I gave you good and bad
I gave but you just threw it back

I won't get on my knees
Don't make me do that please
I've been away but now I'm back

Don't be too sure of that
What makes you sure of that
You went away you can't come back

I walked away from you
I hurt you through and through
Aw honey give me one more chance

Aw you're a lucky son
Lucky son of a gun
You went away, you went away
You went away but now youre back

I got down on my knees
And then I begged you please
I always knew you'd take me back


De volta, mais uma vez. Com a ajuda da Corrente de Jesus e Maria.

sábado, abril 16, 2005



Antes de recomeçar a escrevinhar, quero quebrar um pouco a cabeça pra mudar o velho template. Reinício merece cara nova.

É um saco, cansativo deveras, mas acho que já estava com saudade de fuçar nesses códigos malucos de HTML. É claro que esqueci tudo do pouquíssimo que tinha aprendido antes. Agora é descobrir de novo, na tentativa e erro mesmo. Mas vamos lá, esperança, talvez valha a pena.