quinta-feira, julho 31, 2003



Momento Supercine de Cinema



O Exterminador do Futuro 3

Decepcionando as expectativas dos mais pessimistas, o ano de 1984 chegara e as profecias de George Orwell ainda não haviam se realizado. Nem as guerras sem fim, nem o totalitarismo onipotente do Grande Irmão haviam dado as caras. A humanidade, mesmo cheia de sujeiras velhas e ameaças novas, ainda caminhava.

Àquela altura, James Cameron, um rapazote de 29 anos, andava um tanto entediado. A guerra fria já não era a mesma, ninguém mais acreditava em seres verdinhos invadindo a Terra. James percebia que o mundo não conseguiria viver naquela morosidade, sem uma perspectiva catastrófica clara à sua frente. Então, como James era gente que faz, colocou as mãos à obra e ocupou aquele vácuo construindo seu próprio mito apocalíptico. Deu ao mundo "O Exterminador do Futuro" e prometeu o dia do juízo final para o longínquo ano de 1997.

Confesso que, em 1984, eu não ligava muito para o fim do mundo. Tinha 9 anos e confiava plenamente que Spectroman protegeria o planeta Terra e a cidade Tóquio de todos os males. Tampouco me lembro de ter me dado conta do lançamento do primeiro "Exterminador". Sinceramente, devia estar mais preocupado em trocar minhas tampinhas de guaraná Antarctica e completar meu álbum de figurinhas cheio de aviões maravilhosos. (leia o texto na íntegra no Scream&Yell)

quarta-feira, julho 30, 2003



Alguém aí já viu o novo clipe da bunda da Jennifer Lopez? Ela está sensacional...

quinta-feira, julho 24, 2003





Como já foi anunciado na semana passada, a morte da Fraude foi uma fraude. A revista eletrônica decidiu agora combater o status quo de dentro do próprio intestino deste. Simulou a venda da sua alma ao sistema e a partir de agora se hospeda no Portal Terra.

Estagiários

Já aproveito pra indicar um texto muito legal publicado ali, A Estagiarização do Mundo. Verdade que o texto mais levanta questões do que oferece respostas. Mas isso é o importante. Afinal, aonde vai levar toda essa onda de blogueiros, zineiros, cartunistas, músicos, escritores e etecéteras, todos trabalhando e produzindo de graça? Afinal, faz-se isso por prazer e vocação, ou pela esperança de um dia ser "efetivado" pelo patrão?

Enquanto isso, ou ao mesmo tempo, vamos continuando, como diria Tyler Durden, "working at jobs we hate so we can buy shit we don't need".



"When you say 'pop', is 'white', right?"

Miles Davis, matando no peito e chutando pro gol, durante uma entrevista num documentário sobre o Quincy Jones exibido agorinha no Cinemax.

Aliás, taí uma vida no mínimo invejável. A do Quincy Jones, eu digo.

segunda-feira, julho 21, 2003



Momento Supercine de Cinema



Dez

Vamos ser sinceros - qual seria sua reação ao ser convidado para ver um filme iraniano ambientado inteiramente dentro de um automóvel? Posso dizer que, ao ter a oportunidade de ver "Dez" (Ten, 2002), o último filme de Abbas Kiarostami, fiquei, no mínimo, relutante. Como nunca havia visto um filme iraniano, o que me veio a cabeça foram as descrições e comentários típicos que se ouve por aí a respeito desse tipo de cinema: um filme lentíssimo, com cenas arrastadas e contemplativas, recheado de paisagens inóspitas, mulheres reprimidas e lamentos sonolentos. A curiosidade foi maior, porém, e resolvi encarar o convite. Não sem antes tomar dois cafés expressos pouco antes da sessão, só para me precaver.

Então, numa grata surpresa, Kiarostami me proporcionou um daqueles melhores pequenos prazeres da vida. (leia o texto na íntegra no Scream&Yell...)

terça-feira, julho 15, 2003



Amigas do Rei

É verdade, tem dias que chego em casa a tempo de ver a novela das seis. Mas não me chamem de vagabundo, não, nem mesmo de ocioso. É apenas coisa de quem trabalha na indústria, tem um sindicato forte e mora perto do trabalho. Um dia vocês serão metalúrgicos também.

Mas estou saindo do foco. Queria dizer que às vezes consigo ver a novela das seis. Bem, ver não, que eu sou homem criado. Dar uma espiada. O fato é que, espiando essa tal "Agora É Quem São Elas" (para quem não sabe, a atual novela das seis da platinada), uma coisa muito vinha me incomodando.

Confesso que, mesmo noveleiro confesso, a trama da novela não me disse muita coisa, mas isso já não foi novidade para o atual estado deplorável das tramas globais. O que me incomodava mesmo era que aquilo parecia me perseguir. A cada breve zapping, em cada breve espiadela, lá estava aquilo me chamando atenção. Mas, afinal, o que era aquilo? Aquilo era deslocado, esquisito, fora de contexto e lugar. Algo parecia estar errado com aquilo.

Hoje então, após alguns dias de agonia, fez-se a luz. Graças ao bem-afortunado Kibe Loco, pude descobrir o que era aquilo, e pois que tudo finalmente se esclareceu.

Aquilo é a Preta Gil.

segunda-feira, julho 14, 2003



Como para tudo da vida há uma primeira vez, eis então minha primeira listinha Top 5:

Melhores sequências "everybody singin' together" em filmes não-musicais:

1. Twist and Shout (The Beatles), em Curtindo a Vida Adoidado
2. Wise Up (Aimee Mann), em Magnólia
3. Tiny Dancer (Elton John), em Quase Famosos
4. I Say a Little Pray for You (Diana Ross), em Casamento do Meu Melhor Amigo
5. Sweet Caroline (Neil Diamond), em Brincando de Seduzir

Alguma outra lembrança?



Novo Blogger, novo Bravenet, novo não sei mais o quê... Santa era da obsolescência, Batman! Aliás, sou eu que sou resistente a mudanças ou essas novas versões de aplicativos de Internet são sempre piores que as anteriores?

sábado, julho 12, 2003



"(os alemães) são loiros ultranacionalistas, arrogantes, barulhentos e ultrajantes que invadem praias italianas e ainda chamam os italianos de mafiosos."

Stefano Stefani, demissionário vice-ministro italiano da Indústria, responsável pelo setor de turismo do atual governo Berlusconi.

Tudo bem, todo preconceito é burrice, mas este senhor superou todas as expectativas...

quinta-feira, julho 10, 2003



Antes que eu deixe o assunto passar em branco: tudo bem, a imagem do cargo deve ser preservada, não se deve confundir as coisas, etecéteras e etecéteras, mas o escândalo que se armou em razão do BonéGate cheira a puritanismo hipócrita e sensacionalista.

Vale a pena ler o Luis Fernando Veríssimo sobre a enchovalhada que o MST vem sofrendo pela imprensa. Porque às vezes é preciso ser simplista para se encontrar o x da questão.



Aliás, esse site do Chico Buarque é muito bom, não? Desses sites "vida e obra" é um dos melhores que já vi. Bonito, organizado e cheio de informação.



Muita gente por aí costuma dizer que colocar letra de música no blogue é encheção de linguiça, quebra-galho para falta de tempo, de idéias ou de inspiração. Concordo, é tudo isso mesmo. Mas não deixo de, frequentemente, colocar um trechinho de letra por aqui.

Não é nem pela necessidade de tirar o pó do blogue de vez em quando. Nem só. Mas é que às vezes dá aquela vontade de falar algo que, porra, já foi dito antes de forma tão melhor e tão mais bonita que não há motivo para reinventar a roda. Pra que falar se é melhor ouvir quem já soube dizer, com muito mais propriedade e já há muito tempo? Só me resta, humildemente, citar.

***

O trecho de Roda Viva, que citei logo ali embaixo, veio para o blogue um tanto atrasado, porém. Seria injusto, depois do feriado sumpimpa que tive ontem, acompanhado de minha menina e de outros amigos do peito, que eu quisesse usar a voz do Chico para dizer que hoje me sinto como quem "partiu ou morreu".

Não, hoje já não me sinto assim. Mas no início da semana, quando a citação deveria ter sido postada, estava assim, com esse sentimento de melancolia, de morosidade e, pior, de passividade. Como se tivessem me roubado o livre-arbítrio. Uma sensação sem motivo aparente e, talvez por isso, paralisante. Bem, vocês sabem. Por isso fiz a citação, para não arriscar cair no ridículo ao descrever o que sinto. Leiam ali o Chico então, pois é aquilo. Ele se arrisca sem medo, e vai ter cara que diz o que a gente gostaria de dizer assim lá na China.

Mas, como disse antes, hoje já não me sinto assim. Nada como passar um tempo tranquilo com gente de quem a gente gosta para colocar as coisas em perspectiva e se acalmar, pois tudo se ajeita e, afinal, pra que se preocupar? Antes que caia no ridículo, porém, abuso de novo e cito o Chico de novo. Acho que essa letra, sim, reflete o sentimento do dia. E, simbora, até a próxima canção.

Cordão
Chico Buarque/1971

Ninguém
Ninguém vai me segurar
Ninguém há de me fechar
As portas do coração
Ninguém
Ninguém vai me sujeitar
A trancar no peito a minha paixão

Eu não
Eu não vou desesperar
Eu não vou renunciar
Fugir
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir

Ninguém
Ninguém vai me ver sofrer
Ninguém vai me surpreender
Na noite da solidão
Pois quem
Tiver nada pra perder
Vai formar comigo o imenso cordão

E então
Quero ver o vendaval
Quero ver o carnaval
Sair
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu puder cantar
Alguém vai ter que me ouvir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder seguir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir




Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá


Emprestado de novo do Chico.

domingo, julho 06, 2003



Momento Supercine de Cinema
(publicado também no site Scream&Yell)



Dolls

Um minuto para divagações, por favor. "Dolls" é um filme japonês, mas ao sair da sessão o que me veio à mente foi a velha e batida disputa entre o "cinema americano" e o "cinema europeu". Talvez essa rotulagem geográfica já não faça mais sentido, mas, com uma pitadinha de maniqueísmo, ainda é possível enxergar dois times entrando em campo: de um lado os fanáticos pelo cinemão de entretenimento hollywodiano, os mesmos que também odeiam os ditos soporíferos filmes franceses. Do outro, os admiradores dos filmes-de-arte europeus, que tem ojeriza pelos retardados e comerciais blockbusters americanos.

Radicalizações e generalizações à parte, é impossível negar que, seja livro, disco ou filme, qualquer manifestação cultural carrega um dilema: buscar a empatia fácil e a diversão rápida do público, ou apostar numa expressão artística que nem sempre tem digestão automática. Afinal, o público quer entretenimento ou quer arte? É sinal de estupidez desejar simplesmente divertir-se dentro de uma sessão de cinema? Por outro lado, é pretensioso querer contemplar e exigir beleza artística de um filme?

Tudo isso para dizer que Dolls, o último filme do diretor japonês Takeshi Kitano, caminha pelos dois lados dessa questão. Entre o estilo do mestre Kurosawa e cinema de ação do chinês John Woo, Kitano prefere não ser obrigado a fazer escolhas definitivas. O resultado, no entanto, fica bastante claro: seu filme oferece momentos ótimos de entretenimento, mas, no final, o buraco é muito mais embaixo: "Dolls" é pura poesia. E, como tal, nem sempre muito fácil de ser consumida.

Kitano, diretor do premiado "Hana-Bi – Fogos de Artifício", é atualmente um dos maiores e mais populares cineastas no Japão. E, assim como em "Dolls", é conhecido por uma carreira que alterna tanto momentos de lirismo e sensibilidade, como também filmes de ação recheados de violência e estórias sobre a máfia.

Em "Dolls", Kitano utiliza o imaginário do dramático teatro de bonecos japoneses para começar a contar três estórias paralelas. Na primeira, um jovem de carreira promissora abandona um casamento arranjado para viver como mendigo seu verdadeiro amor. Na segunda, um velho e solitário chefe da Yakuza tenta consertar o passado e reencontrar sua antiga namorada. E, finalmente, o estranho envolvimento entre um fã apaixonado e uma cantora pop um tanto quanto sem sorte.

Os enredos simples se intercalam levemente durante o filme. O que se destaca, entretanto, é a maneira como Kitano transforma suas estórias prosaicas em verdadeiras fábulas de amor eterno e entrega completa.

Se há lampejos de naturalidade e espontaneidade no começo da narrativa, no final o que predomina é mesmo a poesia e o tom quase épico dos desfechos. E então, as conseqüências podem ser duas: o prazer de contemplar a beleza plástica (a fotografia é sensacional) e a sensibilidade poética do filme, ou o tédio completo diante da morosidade e da pretensão do enredo.

Confesso que saí da sessão indeciso. Gostei ou não gostei de "Dolls"? Mas, afinal, o que realmente eu estava esperando? E antes que eu comece a divagar novamente, vale a pena você fazer sua aposta e experimentar o filme por si mesmo.

sexta-feira, julho 04, 2003



Dial

No último feriado, numa daquelas viagens atribuladas que incluem quebra de carro e abordagem de ônibus no meio da estrada, acabei extraviando um de meus maiores patrimônios: meu estojo de CDs, aquele que contém meus 20 mais amados e preferidos. Por sorte, a perda foi temporária e o tal estojo acabou parando nas mãos de um grande amigo. Tão grande amigo que agora ele não hesita em me exigir pagamento de resgate e retarda cruelmente o meu reencontro com meu tesouro.

A consequência mais direta foi que, enquanto não consigo ter de volta a guarda do estojo, e com preguiça de levantar o braço e buscar outros CDs na estante, nas últimas semanas tive que voltar a ouvir rádio com bastante frequência.

Quem já leu aquele meu outro post sabe que isso para mim não foi uma idéia muito agradável. Como já disse ali, para mim a programação do trio de rádios-rock de São Paulo anda beirando o insuportável. Tanto que, já há algum tempo, me transferi para a Eldorado FM, o que também serviu para provocar algumas reflexões depressivas sobre a passagem do tempo, a queda de cabelos, a chegada da maturidade, a velhice, etecéteras. Durante esta semana, porém, me arrisquei a sintonizar novamente as rádios da minha juventude. E acabei tendo uma surpresa agradável.

Pode ser impressão minha, mas há uma sensível mudança na programação de músicas da Brasil 2000. Nada radical, nada que tenha saído da fórmula jabá + flashbacks confortáveis. Mas é como se alguma bendita alma por lá tenha descoberto que é possível usar essa mesma fórmula com um pouco mais de criatividade.

Primeiro, dá pra sentir uma mudança nos tais "flashbacks". No lugar dos sempre mesmos e já hiperexecutados superhits do Midnight Oil, Men At Work, INXS, Dires Strats, Floyd e Zeppelin, nos últimos dias ouvi coisas como "Evidence" do Faith No More, "Devil's Haircut" do Beck, "Bring On The Dancing Horses" do Echo e "Somebody to Shove" do Soul Asylum, só pra citar alguns exemplos. São ainda flashbacks confortáveis, mas são coisas há muito tempo desaparecidas do horário comercial das rádios. E só isso já é um alívio aos ouvidos.

Quanto à músicas mais novas, deu pra sentir também muito menos a presença do insípido Creed, do abominável Linkin Park e de outras excrescências do nu-metal, assim como dos seus similares nacionais, Detonautas e Tihuanas da vida. Nada de muito diferente, mas já foi possível até ouvir as novas músicas do Blur, Radiohead e Ben Harper com muito mais facilidade.

Outra novidade é a volta do Kid Vinil à rádio, num programa diário das 18h às 19h. É claro que Kid Vinil não tem nada de novo, e o formato mais jornalístico do seu programa, apesar de interessante, também não apresenta nenhuma inovação. Mas algo me diz que tem o dedo dele nesta mexida do set-list da programação.

É engraçado (ou triste...) perceber que, mesmo mantendo a velha fórmula manjada, apenas com um leve soprinho de criatividade é possível dar um tremento salto de qualidade. E quebrar um pouco a monotonia do dial. Já é pelo menos suportável ouvir a Brasil 2000 de novo. Vamos ver até quando isso dura...



Ele queria apagar o passado, deixar tudo pra trás, colocar uma pedra sobre aquilo. Talvez conseguisse mesmo mudar, talvez fosse possível tomar um novo rumo. Queria recomeçar, novo, crente, leve, inocente. Tirar o peso dos ombros e ter uma nova chance. Daria tudo pra conseguir esquecer.

Começou a namorar uma garota que lia seu blog há mais de um ano. Afinal, eram cheios de afinidades.



Finalmente o júri chegara a um consenso. E anunciou, sem surpresas, o grande vencedor do Festival "Charles Darwin" de Design de Embalagens. A Palma de Ouro foi praticamente uma barbada: a Banana foi aplaudida de pé. O Prêmio Especial da Crítica, no entanto, serviu como consolação à também fantástica Mexerica, outra preferida dos jurados.

Infelizmente o criador não foi encontrado para fazer seu discurso de agradecimento.