domingo, maio 07, 2006

Os Garotos Esquecidos



Até que enfim. Depois de assistir a dois shows dos Forgotten Boys num mesmo mês, consegui ver a Débora Falabella. Na sexta passada, depois de ver a banda tocar no Studio SP e sem paciência para curtir a discotecagem tardia do Lúcio Ribeiro, eu já tinha me resignado e tomava o caminho de casa. Mas, na saída, ela estava lá, iluminando a noite escura na úmida calçada da Inácio Pereira da Rocha. Doce, doce.

Com todo o respeito, é claro. Vocês sabem, ela namora o Chuck Hipolitho, guitarrista da banda e muito lembrado por suas aparições eventuais no único programa que já prestou do Marcos Mion, o saudoso Piores Clipes, do qual era o diretor. Acho que ele ainda trabalha na MTV, não sei.

Apesar de ser a mais pura verdade, dizer que ver a Débora Falabella foi a melhor coisa da noite é sacanagem com o Forgotten Boys. Gosto da banda e curti muito estes dois shows que assisti. O som me lembra bastante meus hard-rockers preferidos, os Hellacopters, e ao vivo eles demonstraram muita competência e presença de palco. Essa música de trabalho deles, aquela em inglês, "Just Done", é sensacional, um hit perfeito, redondo e direto. Só não estoura comercialmente porque estamos no Brasil.

Mas uma coisa me intriga nos Forgotten Boys. Sei que eles tem tradição e estrada, que possuem reconhecimento da crítica e que criaram uma aura de mito no mundo da música independente. Mas eu não consegui sentir essa bagagem toda nesses shows que testemunhei. E digo isso devido exclusivamente à reação do público. Ao contrário da banda, cheia de vibração e simpatia no palco, a audiência se portava de uma maneira, senão apática, elegantemente descomprometida. Não digo que as pessoas não estivessem se divertindo. Estavam. Mas era simplesmente isso, estavam se entretendo apenas. E eu espero mais de um público de rock, principalmente num show de uma banda que mostra raízes nos Ramones, Iggy Pop e Stooges.

Eles não tem capacidade para inflamar o público? Não creio que seja isso. Posso estar enganado, mas a impressão que me ficou foi a de que o Forgotten Boys, apesar de toda a estrada, ainda não conseguiu formar uma base comprometida de admiradores. Parece que há algo desconexo entre o som que eles fazem, que sinceramente merece um público muito mais furiosamente empolgado, e a reação blasé que a platéia indie oferece a eles.

Nessa última sexta-feira, no Studio SP, talvez essa impressão tenha sido intensificada pela frequência da casa. A festa chamava-se "Moda é Rock" e celebrava-se o lançamento de uma coleção da Ellus. Ao costumaz público de indies e moderninhos da casa somou-se uma infinidade de pessoas que pareciam saídas diretamente da Faculdade de Moda da Santa Marcelina. Há algo realmente muito pretensioso no ar quando absolutamente todas as pessoas presentes numa festa carregam um toque inusitado no seu vestuário. Echarpes, chapéus e por aí a fora. Fico somente me perguntando se investir num público sem alma agrega algo a uma banda. Bem, talvez a hora dessa decisão já tenha passado, talvez não haja mesmo outra opção a se tomar.

Minha opinião pode ser precipitada, eu sei. Apenas fico triste, pois acho que eles merecem ser muito mais que uma banda para jornalistas e publicitários.

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