terça-feira, outubro 07, 2003



Recado do Bardo

Depois da poesia mequetrefe do post abaixo, me sinto na obrigação de postar aqui algo que realmente valha a pena. Melhor então contar com uma singela ajuda alheia.







Antes, porém, um breve contexto: Lucêncio, filho de um rico mercador de Pisa, parte para a cidade de Pádua a procura de novos mundos, ansioso por mergulhar no estudo das artes e da filosofia, adornando assim a fortuna de seu pai com as ações virtuosas dos sábios. Pergunta então a Trânio, seu pajem, se faz bem em prosseguir nessa jornada. E lá vai Trânio, na tradução do Millôr Fernandes:

Trânio: "Mi perdonato", meu gentil senhor, pois concordo nisso tudo, contente que persista no intento de aspirar as doçuras da doce filosofia. Apenas, meu bom amo, por mais que admiremos essa virtude, essa disciplina moral, rogo-lhe não nos tornemos estóicos e insensíveis. Nem tão devotos da ética de Aristóteles a ponto de achar Ovídio desprezível. Apóie a lógica nos seus conhecimentos do mundo e pratique a retórica na conversa usual; inspire-se na música e na poesia e não tome da matemática e da metafísica mais do que o estômago pode suportar; o que não dá prazer não dá proveito. Em resumo, senhor, estude apenas o que lhe agradar.

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