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sexta-feira, julho 04, 2003
Dial
No último feriado, numa daquelas viagens atribuladas que incluem quebra de carro e abordagem de ônibus no meio da estrada, acabei extraviando um de meus maiores patrimônios: meu estojo de CDs, aquele que contém meus 20 mais amados e preferidos. Por sorte, a perda foi temporária e o tal estojo acabou parando nas mãos de um grande amigo. Tão grande amigo que agora ele não hesita em me exigir pagamento de resgate e retarda cruelmente o meu reencontro com meu tesouro.
A consequência mais direta foi que, enquanto não consigo ter de volta a guarda do estojo, e com preguiça de levantar o braço e buscar outros CDs na estante, nas últimas semanas tive que voltar a ouvir rádio com bastante frequência.
Quem já leu aquele meu outro post sabe que isso para mim não foi uma idéia muito agradável. Como já disse ali, para mim a programação do trio de rádios-rock de São Paulo anda beirando o insuportável. Tanto que, já há algum tempo, me transferi para a Eldorado FM, o que também serviu para provocar algumas reflexões depressivas sobre a passagem do tempo, a queda de cabelos, a chegada da maturidade, a velhice, etecéteras. Durante esta semana, porém, me arrisquei a sintonizar novamente as rádios da minha juventude. E acabei tendo uma surpresa agradável.
Pode ser impressão minha, mas há uma sensível mudança na programação de músicas da Brasil 2000. Nada radical, nada que tenha saído da fórmula jabá + flashbacks confortáveis. Mas é como se alguma bendita alma por lá tenha descoberto que é possível usar essa mesma fórmula com um pouco mais de criatividade.
Primeiro, dá pra sentir uma mudança nos tais "flashbacks". No lugar dos sempre mesmos e já hiperexecutados superhits do Midnight Oil, Men At Work, INXS, Dires Strats, Floyd e Zeppelin, nos últimos dias ouvi coisas como "Evidence" do Faith No More, "Devil's Haircut" do Beck, "Bring On The Dancing Horses" do Echo e "Somebody to Shove" do Soul Asylum, só pra citar alguns exemplos. São ainda flashbacks confortáveis, mas são coisas há muito tempo desaparecidas do horário comercial das rádios. E só isso já é um alívio aos ouvidos.
Quanto à músicas mais novas, deu pra sentir também muito menos a presença do insípido Creed, do abominável Linkin Park e de outras excrescências do nu-metal, assim como dos seus similares nacionais, Detonautas e Tihuanas da vida. Nada de muito diferente, mas já foi possível até ouvir as novas músicas do Blur, Radiohead e Ben Harper com muito mais facilidade.
Outra novidade é a volta do Kid Vinil à rádio, num programa diário das 18h às 19h. É claro que Kid Vinil não tem nada de novo, e o formato mais jornalístico do seu programa, apesar de interessante, também não apresenta nenhuma inovação. Mas algo me diz que tem o dedo dele nesta mexida do set-list da programação.
É engraçado (ou triste...) perceber que, mesmo mantendo a velha fórmula manjada, apenas com um leve soprinho de criatividade é possível dar um tremento salto de qualidade. E quebrar um pouco a monotonia do dial. Já é pelo menos suportável ouvir a Brasil 2000 de novo. Vamos ver até quando isso dura...
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