terça-feira, novembro 04, 2003



Por que essa pressa, afinal?

Pra onde tanto eu quero ir? Aonde tanto eu penso que tenho que chegar? Para que essa eterna sensação de tempo perdido, essa busca frenética por respostas, a vontade insana de entender o mundo, resolver as pendências, quitar todas dívidas, esquecer as mágoas, não depois, nem amanhã, nem na sábia cadeira de balanço da velhice, não, depois não, tem que ser agora. Por que essa gana de abraçar o mundo, de querer fazer tudo, de ir ao banco, jantar com a mãe, ir a duas festas e ainda se frustar, se xingar, se morder por ter perdido o maldito show da banda mais falada da última semana? Correr pra estar em três lugares numa só tarde, e acabar cansado demais pra prestar atenção em um só deles. Ridiculamente estúpido. Por que estar sempre se acusando de preguiça, se não falta esforço? Talvez falte energia, talvez falte foco, talvez falte paciência. Se é idiota não buscar o sonho, cobrar pra que ele me chegue amanhã é muito mais patético. Por que tem que ser amanhã? Por que sempre acordar e implorar por mais uma hora de sono, e, depois, à noitinha, não ter coragem de ir pra cama sem acessar a net? Essa maldita mania maleducada de chegar sempre atrasado que só pode ser medo de perder tempo esperando. Medo de perder tempo... como se pudesse guardá-lo. Nada mais imbecil que enervar-se em busca da tranquilidade, aniquilar-se na própria ânsia, nada mais insano que lutar contra esse grandesíssimo canalha que é o tempo, que não se pode vencê-lo, que só resta juntar-se a ele.

Pra que a pressa? Pelo ponto final? Ou é medo do ponto final? Ora, bolas, deixa isso pra depois...

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