Mensagens furtivas. Idéias desconexas. Notícias ao léu. Opiniões duvidosas. Visões de Pasárgada
sexta-feira, agosto 16, 2002
Já faz algum tempo, minha amiga Rê Oxendorff introduziu uma polêmica de forma arrebatadora no fórum do 02neuronio: um amigo dela depilava a namorada (isso mesmo, com as próprias mãos, dedos, unhas ou sei lá o quê...). Pior: todas as garotas acharam aquilo o ápice da entrega afetiva; o tal depilador era o homem ideal.
Ainda ontem, lendo o famoso Utopia Dilucular, do temido Pedro Nunes, encontrei uma opinião parecida, de novo relacionando higiene pessoal com gestos de amor. Não, não me peçam pra contar, vão até lá e leiam.
Com toda essa insistência no assunto, lá vamos nós então. O dever me chama e sinto necessário repetir meu manifesto pela auto-preservação, já colocado no fórum daquela vez... Posso parecer o cara mais insensível do planeta, mas definitivamente eu não consigo conceber essas coisas como provas irrefutáveis de amor, como o ápice da perfeição dentro do relacionamento.
Lógico, até entendo que pode ser um gosto exótico, uma brincadeira esporádica, um tipo de fetiche. Mas encarar isso como o exemplo de comportamento ideal? Putz, me incluam fora dessa... Tudo bem, podem dizer que não é o ato em si que importa, mas a intimidade, a cumplicidade, a dedicação implícitas. Mas vamos lá, existem outras mil maneiras de preparar Neston...
Queria mesmo chegar ao seguinte: acredito que uma relação legal tem que conter e preservar algum nível de individualidade e de respeito pelo outro. Intimidade pra mim é poder se abrir, dividir dúvidas e medos, ter coragem pra contar os desejos. Não tem nada a ver com ir ao banheiro de porta aberta, espremer os cravos dela ou deixar sua cueca pendurada na porta do banheiro.
Eu sempre gostei de ver um pouco de mistério preservado, de ter coisas a serem descobertas pouco a pouco. Deixar um espaço pro desconhecido, pro que está ainda por vir. Gosto de um charme discreto, da elegância desleixada, de quem consegue fugir das obviedades do dia-a-dia.
Podem me chamar de chato, fresco, inimigo da entrega e da intimidade. Mas, pra que escancarar a porta assim de uma vez?
E chega desse assunto nojento...
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