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segunda-feira, agosto 19, 2002
Momento Supercine de Cinema
Três filmes e um ator
Se existe um ator que eu realmente admiro hoje em dia, pago um pau mesmo, esse ator é o Javier Bardem. Tá, vocês já devem estar pensando, “iiih, começou a boiolagem, olha o cara se revelando..." Não é o caso, garanto. Mesmo com minhas preferências sexuais restritas ao segundo-sexo, não me incomodo em repetir: esse cara é foda.
Nunca havia ouvido falar desse espanhol até ver o fantástico “Carne Trêmula“(1997), o melhor filme do Pedro Almodóvar. Ressaltando que os adjetivos “fantástico” e “melhor” se devem muito à atuação de Bardem. Mesmo no meio de outros ótimos atores encarnando outros ótimos personagens, metido numa trama que beira o fantástico e de todo o exagero visual e emocional do Almodóvar, Bardem consegue destacar-se, parecendo servir como a âncora de credibilidade daquela estória maluca. Desde o começo, na figura do “tira-bonzinho”, até a segunda-parte, com toda a angústia e a raiva do deficiente-impotente-corno, Bardem consegue passar intensidade e emoção verdadeira, driblando a pieguice com categoria, dominando no peito um baita papel complexo.
Depois desse impacto inicial, assisti no vídeo “Entre as Pernas” (Entre las Piernas, de Manuel Gómez Pereira, 1999), thriller-erótico sobre dois viciados em sexo que se conhecem numa sessão de terapia em grupo e se enveredam por caminhos e problemas pouco usuais. O filme é bom, mas não passa muito disso. O atrativo aqui é o casal de atores, principalmente a partner de Bardem no papel da ninfomaníaca: Victoria Abril (esta sim eu garanto que faz parte das minhas fantasias secretas...). Convenhamos que não é pra qualquer um encarar a caliente Victoria Abril no mesmo patamar de energia, furor e sex-appeal. Ponto pro Bardem de novo.
Por fim, um dos grandes hypes cinematográficos do ano passado, “Antes do Anoitecer” (Before Night Falls, de Julian Schnabel, 2000), trouxe Bardem definitivamente para as listas dos grandes atores do mundo, com direito a prêmio no Festival de Veneza e indicação ao Oscar. Enfim, a conquista da América. Vi o filme só na semana passada e confirmei o que já esperava. Bardem está de novo fantástico, desta vez destruindo sua imagem de garanhão-espanhol e incorporando o escritor homossexual cubano, Reinaldo Arenas. Incorporando, é essa mesma a palavra. Gestos, corpo, alma, amor, desejo, desespero, poesia. Bardem usa e transmite tudo isso com força e sensibilidade, assim como o filme. “Antes do Anoitecer” mergulha na luta entre a liberdade individual (extrapolada aqui pela liberdade de ser um gênio, de criar, de ser diferente) e a ideologia coletiva do sonho por um mundo supostamente melhor. De um lado, Reinaldo Arenas, do outro Fidel Castro.
Quem ganha? Ganha Javier Bardem. E dane-se o Antonio Bandeiras.
Mais sobre:
http://us.imdb.com/Name?Bardem,+Javier
http://www.ciudadfutura.com/cinesol/bios/bardemjavier/#films
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