Mensagens furtivas. Idéias desconexas. Notícias ao léu. Opiniões duvidosas. Visões de Pasárgada
segunda-feira, setembro 29, 2003
Skank com muita questão
Vou deixar
a vida me levar
pra onde ela quiser...
O que fazer quando, atingidos pela típica depressão do domingo à tarde, todos os seus amigos se tornam desertores? O que fazer quando até mesmo sua menina fica com preguiça de encarar aquele seu plano nem tão ambicioso assim?
Pois é, eu sabia que depois iria ficar me auto-flagelando se desistisse. Então hesitei um pouco, mas fui. E lá estava eu, domingo à tarde, sozinho no show do Skank no Olímpia. Bem, sozinho não, claro. Eu, mais seis mil pessoas e alguns copinhos de Schin (não precisou nem insistir, não havia outra opção, fui obrigado a experimentar).
Finalmente tomei uma decisão acertada. Posso dizer que o show foi um dos melhores que já vi nestes 15 anos de andança. E talvez, se eu fosse mesmo fã de Skank desde criancinha (não, não sou...), teria sido o melhor.
O Olímpia é ainda um dos melhores lugares pra se ver show em Sampa. Casa pequena, palco ligeiramente alto, som excelente. Domingo não fugiu à regra. A cenografia montada ficou linda, tudo muito colorido, psicodélico, seguindo o clima retrô do último álbum.
E o Skank é aquilo. Uma banda pipoca, pop FM até a medula, com sucessos pra levantar o público interminantemente durante duas horas de show. Mas, reparem bem, os caras não tem nenhuma (nenhuma mesmo) música "queima-filme", tipo Jota Quests da vida, que você percebe ter sido feita sob encomenda para pré-adolescentes pustulentas.
Da mesma forma, caramba, não dá pra dizer ali não há qualidade. Ao ouvir músicas lindas como Resposta, Três Lados ou Balada do Amor Inabalável, me veio no rosto aquele sorriso espontâneo que só aparece quando detecta casos de talento sincero. Batata. Sem falar das músicas do Cosmotron, claro, os verdadeiros quitutes da noite, apresentadas cuidadosamente ao público entremeando os greatest hits de sempre. Maturidade com consistência, mas sem perder a energia.
Para deixar a noite ímpar (nossa, gostou? noite ímpar...), duas participações muito legais - Andreas Kisser, do Sepultura, entrou para levar a guitarreira de uma música bacana que sinceramente não me lembro o nome; e, mais ao final, um Nando Reis tipicamente chapado e simpatisíssimo veio cantar a sua Resposta. Tudo bem, até o Samuel Rosa consegue ser mais afinado que ele, mas o cara tem carisma inegável.
Show bom é assim - acaba com todo mundo saindo de alma lavada, camisa suada, olhos alegres. Aquele pós-coito que deixa a sensação de quero mais, só que não agora, mais tarde, porque por hora o êxtase já foi completo. E eu com aquele sentimento de realização, um gostinho bom por ter dado o cano no Pedro Bial e na Glória Maria. Sem contar que ainda deu tempo para, na volta, passar e dar um beijinho na minha menina. Missão cumprida naquele final de domingo.
sábado, setembro 27, 2003
Sinapses ao léu num sábado a tarde
Quem diria, a gente fica dando chute em cachorro morto e, de repente, o dito abre os olhos e dá um pulo.
O Luciano Huck, no seu Caldeirão, mostrou hoje uma matéria sobre um tal Felipe Braga, um cara do interior do Rio Grande do Sul que faz filmes de terror trash com orçamento de R$ 50,00. A reportagem foi ótima, muito engraçada mesmo.
Tá bom que, naquele programa chinfrim, que diz-se jovem e traz o sertanejo Leonardo como atração principal, qualquer coisa razoável chamaria atenção. Mas a matéria foi boa mesmo, é preciso reconhecer.
***
Acabei de ouvir Hotel Yorba, do White Stripes, na Brasil 2000. Depois veio You Bet, do The Who, em versão ao vivo.
Estou torcendo, mas uma pulguinha atrás da minha orelha fica sussurrando que isso não vai durar muito. Malditas neuroses pessimistas...
***
O ano inteiro sem shows e agora vem tudo ao mesmo tempo. Quinta-feira fui ver o Live, amanhã tem Skank, sexta que vem o Los Hermanos. E, no final do mês, a melhor empreitada - ir ao RJ para o Tim Festival. O sorriso está no rosto, mas haja crédito bancário, meu senhor.
***
Nunca fui de consultar dicionário. Eventualmente uso, claro, mas nunca foi uma rotina. Uma vez li o Paulo Francis dizendo que adquirira boa parte da sua cultura através deles. Ia procurar uma palavra e acabava lendo também o significado da de cima e da de baixo. Achei isso interessante, mas não me esforcei para seguir o hábito. De tal forma que só tenho aqui em casa aquelas edições mirradas do "Pequeno Dicionário Aurélio".
Depois que comecei a escrever com mais frequência, porém, comecei a sentir falta. Outro dia fui atrás de uma palavrinha e a danada não estava lá no meu Aurelinho.
Preciso de um daqueles grandes. O problema é que são caros. Será que alguém não tem um velhinho pra me vender baratinho, não?
Quem diria, a gente fica dando chute em cachorro morto e, de repente, o dito abre os olhos e dá um pulo.
O Luciano Huck, no seu Caldeirão, mostrou hoje uma matéria sobre um tal Felipe Braga, um cara do interior do Rio Grande do Sul que faz filmes de terror trash com orçamento de R$ 50,00. A reportagem foi ótima, muito engraçada mesmo.
Tá bom que, naquele programa chinfrim, que diz-se jovem e traz o sertanejo Leonardo como atração principal, qualquer coisa razoável chamaria atenção. Mas a matéria foi boa mesmo, é preciso reconhecer.
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Acabei de ouvir Hotel Yorba, do White Stripes, na Brasil 2000. Depois veio You Bet, do The Who, em versão ao vivo.
Estou torcendo, mas uma pulguinha atrás da minha orelha fica sussurrando que isso não vai durar muito. Malditas neuroses pessimistas...
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O ano inteiro sem shows e agora vem tudo ao mesmo tempo. Quinta-feira fui ver o Live, amanhã tem Skank, sexta que vem o Los Hermanos. E, no final do mês, a melhor empreitada - ir ao RJ para o Tim Festival. O sorriso está no rosto, mas haja crédito bancário, meu senhor.
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Nunca fui de consultar dicionário. Eventualmente uso, claro, mas nunca foi uma rotina. Uma vez li o Paulo Francis dizendo que adquirira boa parte da sua cultura através deles. Ia procurar uma palavra e acabava lendo também o significado da de cima e da de baixo. Achei isso interessante, mas não me esforcei para seguir o hábito. De tal forma que só tenho aqui em casa aquelas edições mirradas do "Pequeno Dicionário Aurélio".
Depois que comecei a escrever com mais frequência, porém, comecei a sentir falta. Outro dia fui atrás de uma palavrinha e a danada não estava lá no meu Aurelinho.
Preciso de um daqueles grandes. O problema é que são caros. Será que alguém não tem um velhinho pra me vender baratinho, não?
terça-feira, setembro 23, 2003
Intriga Internacional
Semana passada assisti a "Intriga Internacional", um dos clássicos do Alfred Hitchcock. Eu, que esperava um filme com o clima soturno de Os Pássaros ou um suspense a la Psicose, me surpreendi bastante. Acabei não levando nada daquilo que tinha comprado.
Intriga Internacional é um filme de ação, cheio de bom humor, tiradinhas sarcásticas e cenas de perseguição. Nada de profundidade psicanalítica ou metáforas sombrias. Apenas uma trama intrincada de espionagem, conduzida com leveza e sem nenhum compromisso com a verossimilidade. Só diversão, ora pois.
E ainda temos também a famosa cena do avião. Hitchcock coloca nosso mocinho, Roger Thornhill (interpretado por Cary Grant), no meio de uma estrada em pleno deserto do Meio Oeste americano. Thornhill, um mero executivo de propaganda, teve sua identidade confundida com a de um agente secreto e está agora fugindo tanto da polícia quanto de espiões internacionais. Ao mesmo tempo, ele próprio tenta descobrir por que raios aconteceu a tal confusão. Marcou um encontro nesta estrada com um outro espião. Desce do ônibus e fica ali, no meio do descampado inóspito, esperando alguém que sequer sabe quem é. Hitchcock segura essa espera, sem nenhum diálogo, durante 7 minutos. Impensável hoje em dia. E, depois de toda essa expectativa, coloca um avião monomotor para perseguir Thornhill pelo deserto.
Claro, seria muito mais fácil matar o mocinho com um tiro na cabeça. Mas, afinal, o que seria dos filmes de ação se todos os vilões fossem práticos e objetivos? Em outras cenas também é preciso entrar na onda do filme. Não dá para levar a sério diversas das situações de ação. Mas isso é comum em todo filme desse tipo - independente dos efeitos especiais disponíveis, é a fantasia que manda. E dentro da sua fantasia, o filme se fecha direitinho.
Além de boa diversão, Intriga Internacional traz um dos diálogos de sedução mais legais que já vi no cinema. Bastante ousadinho para a época, aliás. Dá pra ver que, mesmo em 1959, quem comandava o jogo já eram as mulheres.
Thornhill está fugindo da polícia, seu rosto já está nas manchetes de todos os jornais. Ele foge pela estação ferroviária e consegue entrar num trem já de saída. No corredor, tromba com uma desconhecida, Eve Marie Saint, e ela acaba ajudando-o a despistar a polícia. Mais tarde eles se encontram no vagão-restaurante.
O diálogo em inglês você pode conferir aqui, no roteiro original. Traduzi o mesmo trecho aí embaixo, só por diversão mesmo. Saboroso.
Intriga Internacional - cena do vagão-restaurante
- tradução livre do roteiro de Ernest Lehman -
Ao tentar se despistar do fiscal ferroviário, Roger Thornhill entra no vagão-restaurante e acaba sentando-se na mesma mesa da garota com quem havia esbarrado anteriormente. Seus olhares fogem por alguns instantes. Mas se encontram logo.
- Bem, juntos de novo...
- É...
Thornhill olha o menu.
- Me recomenda alguma coisa?
- A truta. Um tanto apimentada, mas muito boa.
- Me convenceu.
O garçon anota o pedido. Thornhill olha a sua volta, está preocupado em ser reconhecido pelos passageiros. Quando se volta para Eve, é ela quem o está encarando.
- Eu sei. Devo parecer vagamente familiar para você.
- Parece.
- Você deve sentir que me conhece de algum lugar...
- Sinto.
- É engraçado, a todo lugar que vou tenho esse efeito nas pessoas. Deve ser alguma coisa com meu rosto...
- É um belo rosto.
- Você acha mesmo?
- Nunca teria dito se não achasse.
- Ah, então você é desse tipo...
- Que tipo?
- Honesta.
- Não muito...
- Ainda bem. Mulheres honestas me dão medo.
- Por que?
- Me sinto em desvantagem diante delas.
- Porque você não é honesto com elas...
- Exatamente.
- Algo como essa estória de estar fugindo da polícia por causa de contas atrasadas...
- O que eu quero dizer é o seguinte: no momento em que eu encontro uma garota atraente, automaticamente eu tenho que começar a mentir que não quero fazer amor com ela.
- E o que faz você achar que deve mentir?
- Ora, ela pode achar a idéia inconveniente.
- Ou, quem sabe, talvez não.
- Sou mesmo sortudo de terem me sentado aqui, não?
- Sorte não tem nada a ver com isso.
- Destino?
- Eu dei cinco dólares ao garçon para trazer você aqui caso você entrasse.
Grant olha Eve por um longo momento.
- Isso é uma proposta?
Eve olha Grant de volta pelo mesmo longo momento.
- Eu nunca faço amor de estômago vazio.
- Mas você já comeu.
- Mas você não...
Eles se olham, congelados com um sorriso no rosto. E o garçon chega trazendo o jantar para Thornhill.
- Você não acha que já é hora de nos apresentarmos?
- Meu nome é Eve Kendall. Vinte e seis anos e solteira. Agora você já sabe de tudo...
- E o que você faz além de arrasar com os homens dentro de trens?
- Trabalho com design industrial.
- Eu sou Jack Phillips. Gerente de vendas da Kinby Electronics.
- Não, você não é não. Você é Roger Thornhill, da Avenida Madison, e você está sendo acusado de assassinato em todos os jornais do país. Não seja tão modesto.
- Oops...
- Não se preocupe. Não vou dizer nada.
- E porque razão?
- Eu já te disse - você tem um belo rosto.
- Só por isso?
- Bem, esta vai ser uma noite longa...
- Isso é uma verdade.
- E particularmente eu não gostei do livro que acabei de começar...
- Ah...
- Entendeu?
- Exatamente...
Eve coloca um cigarro nos lábios e olha para Thornhill. Ele tira os fósforos do bolso e risca um deles. Ela pega na sua mão e conduz a chama até o seu cigarro.
- Eu te convidaria para ir ao meu dormitório, se eu tivesse um dormitório, arrisca Thornhill.
- Nem uma cabine?
- Nada, nem mesmo uma passagem. Estou brincando de esconde-esconde com o fiscal desde que saímos de Nova Iorque.
- Que desagradável para você, não?
- Sem lugar para dormir...
- Eu tenho um dormitório extra-grande todinho pra mim.
- Isso não é justo, é?
- Vagão E, dormitório três-nove-zero-nove.
- Bonito número.
- Fácil de lembrar.
- Três-nove-zero-nove.
- Viu?
- Estou sem bagagem...
- E?
- Você não teria um par de pijamas extra, teria?
- E por que não teria?
domingo, setembro 21, 2003
PSI
Ainda não há notícia de declaração de apoio do nosso mambembe ministro da cultura. Mesmo assim, gostaria de pedir sua adesão ao novo programa de estímulo a economia cultural tropical - o novo "Programa de Substituição de Importações".
Nada de fechar as fronteiras, porém. Sem ranços do passado. O PSI não tem nenhum intuito de tentar proteger as mentes brasileiras das influências nefastas da cultura anglo-saxônica. Afinal, adoramos influências nefastas. Antropofagicamente, no entanto, precisamos manter nosso apetite globalizado ao mesmo tempo que preservamos nossos bolsos tupiniquins.
A idéia é a seguinte - compartilhe produto estrangeiro, compre produto nacional.
Gravadoras e editoras multinacionais não vão sentir falta do seu suado e amassado dinheirinho. Elas já estão entediadas recebendo remessas de lucros de diversos lugares inóspitos. Seus precinhos também, estão assim, digamos, nada convidadativos. Sem culpa então se apenas divulgarmos sua cultura pelos já tradicionais métodos de escambo - empreste, troque, doe.
Do lado de cá do Equador, porém, aja diferente. Se você gosta daquela cantora do barzinho do seu bairro, se você foi a um show legal de uma banda independente, se o escritor que você lê na net lançou um livro por uma editora pequenininha, se acabou de sair uma revista direcionada ao seu (ao teu) clubinho de preferências, por favor, faça a sua parte. Compre o CD, pague o ingresso, vá atrás do livro, compre a revista. Reconheça o trabalho de quem merece e precisa.
Protecionismo cultural? Contrapartida social? Não, economia de sobrevivência. Afinal, você, cidadão com mais de 18 anos, também tem o dever de preservar as reservas cambiais brasileiras.
sexta-feira, setembro 19, 2003
A Terceirização, Gugu e o Tirar da Reta
Numa interpretação mais vulgar, terceirizar significa “tirar da reta”. E um bom exemplo disso é a estratégia que o Gugu tem utilizado para se livrar das responsabilidades quanto ao escândalo da forjada entrevista com o “PCC”.
Já está lá no Imprensa Marrom minha coluninha desta sexta-feira de sol relutante. Te espero lá, ok?
quinta-feira, setembro 18, 2003
Pela tampa...
Enfim, fiquei verdadeiramente puto com algumas coisas que aconteceram aqui no trabalho nos últimos dias. É impressionante a habilidade das empresas para, num curtíssimo espaço de tempo, conseguir acabar com qualquer indício de cooperação ou amistosidade dentro do ambiente de trabalho.
Eu sei, a competitividade é coisa inerente ao nosso sistema de ganha-pão. Não reclamo dela. Entendo também que, conforme os horizontes vão ficando mais incertos, as pessoas tendem a preocupar-se cada vez mais em olhar pro seu umbigo e proteger o seu cantinho a todo custo. Eis a seleção natural, minha gente, a lei da sobrevivência.
O problema é quando isso vira praxe. E a competitividade vira justificativa para um joguinho sujo, cheio de falsidades, grosserias e trairagens. De alguém que trabalha comigo não peço amizade sincera, afeto ou cumplicidade. Não ambiciono ser o padrinho do filho de ninguém, ora bolas. Só exijo ética e profissionalismo. Um mínimo de confiança, para não ter que vir trabalhar todo dia esperando a próxima punhalada.
Acho que passei a vida desviando de pessoas assim, separando o joio do trigo, escolhendo as amizades segundo as coisas em que eu acredito. Mas chega uma hora que não dá pra evitar, a pedra está lá parada no meio do seu caminho, ou você pára, ou você chuta ela pra longe.
A questão é que não sei se estou a fim de entrar nesse jogo. Pra falar a verdade, já nem sei se quero ganhar esse jogo. Meu saco já está cheio demais. Não tenho mais saúde pra isso. Não vou me enfiar em embates idiotas e sem sentido, sair desgastado só por causa do meu orgulho.
Ao mesmo tempo, já descartei a resignação como saída. Como diria o Yuka, paz sem voz não é paz, é medo. E, além do mais, cobra parada não engole sapo.
quarta-feira, setembro 17, 2003
O pouco que sobrou
Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim
por onde eu devo ir?
A vida vai seguir
Ninguém vai reparar
Aqui neste lugar
eu acho que acabou
Mas vou cantar pra não cair
fingindo ser alguém
que vive assim de bem
Eu não sei por onde foi
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar
o pouco que sobrou
Eu tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
e a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
manda essa cavalaria
que hoje a fé me abandonou
(del hermano, Marcelo Camelo)
sábado, setembro 13, 2003
Notinhas nem tão sortidas
Veja bem, hoje é sexta-feira, o frio está indo embora, o sol já arrisca sair. Fiquei sem empolgação para levantar questionamentos densos e sérios sobre a imprensa nacional. Não há clima para ser reclamão.
Se me permitem um pouco de leveza, decidi na coluna de hoje trazer apenas algumas notinhas, diversas e sortidas, sobre nosso mundo mediático. Na maioria delas porém, ainda quero calcar num assunto já comentado aqui em colunas anteriores – a disseminação ampla, generalizada e gratuita da informação.
(Na coluna desta sexta no Imprensa Marrom, uma salada mista de Bookcrossing, gravadora Trama, fim do Blogger Pro, Strokes e outras iguarias...)
quinta-feira, setembro 11, 2003
Como diria o Luis Fernando Veríssimo - poesia, numa hora dessas?!
Paciência
- ou Variações em Torno de um Tema de Lenine
É justo quando estamos sem paciência
que precisamos da paciência
dos outros
Mas se o outro estiver sem paciência
precisando também de paciência
que pena
Dois bicudos não se bicam
Impacientes não se aguentam
E por carentes acabam
sozinhos
O indolente não me entende,
me ignora, não me gosta
Então respira, espera, busca
o que faltou ali agora
paciência
segunda-feira, setembro 08, 2003
Se prepare para o 11 de setembro
Não, não se trata de nenhuma medida anti-terrorista. É apenas uma idéia que anda circulando por aí, uma espécie de spam do bem. Algum tempo atrás acho que a Paula já tinha falado por alto sobre isso. Desta vez foi a Mana que me repassou um e-mail, e a idéia parece agora já ter data marcada. Dê uma olhada na mensagem abaixo...
Acho que vou aderir.
> Libere um LIVRO!
>
> Na manhã de 11 setembro 2003 não se esqueça de sair
> munido de um livro que seja importante para você.
> Um livro que tenha mudado sua maneira de ver o mundo. Ou
> que você acredite que possa mudar a vida de alguém, de
> alguma forma.Escreva uma dedicatória... e o libere!
> Libere-o na via pública, sobre um banco, no metrô, no
> ônibus, em um café... a mercê de um leitor desconhecido.
> E você? Adotará um livro que esteja em seu caminho, caso
> ele surja.
> A mobilização será geral em Bruxelas, Paris, Florença e
> São Francisco.
> Vamos fazer isso também em nossas cidades aqui no Brasil.
> Engaje-se nessa idéia também! E faça circular essa
> informação!
sexta-feira, setembro 05, 2003
De dentro da notícia
Desde terça-feira o Cláudio Delunardo tem feito um relato emocionado dos protestos estudantis que estão parando Salvador.
Não deixe de ler, esses baianos andam inspirados...
Limites?
O buraco está cada vez mais embaixo, a cara de pau cada vez mais deslavada. Por que razão políticos, governos, empresários ou celebridades iriam se dar ao trabalho de fazer jogos de poder ou de influência? Hoje em dia compra-se a notícia e pronto. Depois de perverter o inocente mundo do entretenimento, o jabá parece ter finalmente chegado ao mundo informação.
(Sexta-feira é dia de coluna no Imprensa Marrom! Bora pra lá, minha gente!)
quarta-feira, setembro 03, 2003
'He's a prophet and a pusher, partly truth, partly fiction. A walking contradiction.'
É comum ouvir que Quentin Tarantino e David Fincher bebem sua mistura de sexo, violência e psicose direto da fonte de Martin Scorsese. Depois de ver Taxi Driver (pela primeira vez no último domingo – vergonha) só posso pensar uma coisa – a dupla cool dos anos 90 ainda tem que tomar muito caldinho de feijão para fazer um filme daquela estatura.
E olha que eu adoro Pulp Fiction, Seven e Clube da Luta. São filmes excelentes. Mas é impossível comparar. Tarantino pode ter herdado a violência estética, descolada e ágil. Mas quanto ao conteúdo, seus filmes são rasos. Tarantino é um excelente contador de estórias de ação, e isso já é o bastante.
David Fincher, além da estética, também toma emprestados alguns temas típicos de Scorsese. A inadequação, o isolamento, a alienação, a neurose, a violência. Mas Fincher carrega demais na mão, seus filmes são cheios de discursos, repletos de frases de efeito. Pense no psicopata de Seven, ou no pirado Tyler Durden do Clube da Luta. São personagens que se explicam demais, são panfletários, tagarelas.
Taxi Driver é daqueles filmes artesanais, onde nada do que vemos na tela está ali por acaso. Tudo ali é de uma coerência incrível, mesmo sendo extremamente contraditório. Consegue ser, ao mesmo tempo, elegante, violento, sutil e denso. Na verdade, o filme é Travis Bickle. Tudo se constrói, ou se destrói, em torno do motorista de táxi solitário forjado por Robert De Niro. Travis Bickle é a tal contradição ambulante.
Mas, mais do que um filme psicológico, Scorsese filmou um verdadeiro tratado sociológico. Assustadoramente atual, mesmo 27 anos depois. Gerou polêmica, foi indicado à quatro Oscars, mas não levou nenhum. Não deixa de ser irônico que Michael Moore tenha ganho o seu em 2003, documentando a posteriori uma situação cujos sintomas Scorsese já profetizara em 1976. Talvez isso dê algum sentido àquele clichê - “a frente do seu tempo”.
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