Apesar de toda a decepção política, cautela não faz mal à ninguém. A lama é profunda, mas é preciso ficar atento a muita gente que tem embarcado na onda do quanto pior melhor (vide revista Veja). O moralismo, agora prazerosamente destilado por velhos carcamanos, só tem serventia para a luta política mais mesquinha.
O momento exigiria virtudes que, infelizmente, andam bem raras de se ver. Lucidez, por exemplo. Algo como a que exibiu Luis Nassif em seu último artigo na Folha de São Paulo (dica do Gravataí no Imprensa Marrom).
Profissionalização já!
A CPI dos Correios está perdendo o foco. Está invadindo vidas privadas, ameaçando, imputando crime antes do julgamento, cometendo erros banais de avaliação. Deputados confundem movimentação (conceito financeiro) com faturamento (conceito econômico), desconhecem o funcionamento de empresas (pretender que uma financeira saiba o valor do CPMF pago pela companhia é ignorância).
Desanimado com a falta de objetividade dos membros da CPI, o sábio recluso volta a escrever para manifestar sua preocupação com a ignorância de tantos.
Pode-se até supor que Marcos Valério tenha ido à Portugal Telecom propor negócios, mas jamais imaginar que a empresa toparia. Maior empresa privada de Portugal, listada na Bolsa de Nova York, portanto sujeita à legislação norte-americana de mercado de capitais e à Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, é impossível supor que vá aceitar negócio com caixa dois.
Do mesmo modo, é ignorância supor que o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) tenha sido sondado para depositar US$ 600 milhões no Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa. O IRB não tem US$ 600 milhões para depositar e, se tivesse, jamais poderia depositar em um só banco. Por outro lado, o Espírito Santo é um dos bancos mais tradicionais da Europa, peso-pesado no poder e nas finanças de Portugal e com penetração internacional, inclusive nos Estados Unidos. Só faltava se envolver com o PTB. (...)
Continua aqui.
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