terça-feira, março 18, 2003



Enquanto isso, numa ilha inóspita no meio do Atlântico...

O que se pôde ver no último domingo na entrevista coletiva concedida por Pink e Cérebro, digo, Bush e Blair, é que, para surpresa de todos, sim, vai haver a invasão do Iraque, caros amigos.

No entanto, houve uma uma mudança sensível no discurso dos "Aliados". Como até a Veja percebeu, capitulando na última edição, os publicitários saxões perceberam que a linha de comunicação estava equivocada e resolveram mudar de tom. Não se ouviu mais nada parecido com a "necessidade de combater o famigerado Eixo do Mal". No lugar disso, algo como "conforme previsto pela Resolução 4041, chegou o momento da comunidade internacional reagir à perigosa indolência de Sadam às determinações da ONU".

Tony Blair é inegavelmente um líder de respeito. Equivocado ou não, seu discurso transmite coerência, credibilidade e, até mesmo, sinceridade. Parece confortável com essa nova estratégia de justificativas para o ataque. Não deixou de citar, inclusive, que existe forte preocupação em minimizar os danos ao povo do Iraque e que, uma vez acabada a guerra, a posse do petróleo continuará nas mãos do povo iraquiano.

Por outro lado, Tio Bush continua irradiando prepotência. Na entrevista, estava um tanto travado, talvez limitado em seu vocabulário pela exigida mudança de tom no discurso. Mas seu ar continua arrogante, como se deixasse sempre claro nas entrelinhas que "estamos fazendo um favor de pedir autorização para vocês, seu vermes inoportunos".

Como já disse Colin Powell, o tempo da diplomacia acabou. Isso é certo. Mas esse estica e puxa de justificativas ainda deve continuar por muito tempo. Afinal, as passeatas só devem aumentar e a imprensa vai ficar cada vez mais faminta por explicações. No final, nada mais que retórica, com muito pouco efeito depois que as cortinas se abrirem.

E, apesar do equilíbrio de Tony Blair, resta agora apenas saber o que os "Aliados" realmente farão com o que restar da Mesopotâmia.


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