sábado, setembro 28, 2002



Dilbert e a conspiração

Sempre fui muito cético com relação às mil e uma teorias da conspiração internacionais que muitas pessoas constumam ver em todo canto. Por um simples motivo: tenho adquirido durante anos a fio uma profunda crença na incompetência das organizações.

Volta e meia algum pensador, PhD em RPG e Doom com certeza, aparece com elocubrações de como a União Soviética coordena as FARC e o tráfico de drogas internacional em prol do comunismo, de como na verdade foi o Bush que mandou explodir o WTC, de como a Seleção Brasileira foi comprada na final da Copa de 98, de como Bill Gates planeja hipnotizar o planeta através do PC da sua casa. Neste momento, cientistas malucos e executivos sem escrúpulos estão criando um novo vírus pra dizimar a população africana. Em outro lugar longínquo, Pink e Cérebro planejam como dominar o mundo.

Para realizar somente uma dessas conspirações, seriam necessários não só com uma boa dose de genialidade maquiavélica humana (na qual acredito piamente), mas também uma extrema capacidade de conciliar interesses diversos, organizar forças difusas, coordenar ações complexas e manter sigilo absoluto (coisas nas quais já perdi completamente a fé).

Não sou ingênuo, é claro que acredito em interesses escondidos, manipulações políticas, incentivos financeiros e apoios. Também não me refiro a equipes pequenas com objetivos bem definidos (vide Osama e seus pilotos). Mas, creio que tudo isso é muito mais difuso, desorganizado, caótico e incontrolável do que nossas fantasias práticas imaginam. Em um sistema tão complexo, aposto muito mais na teoria do caos do que em relações causa-e-efeito friamente calculadas.

Trabalhar e conviver dentro de organizações por algum tempo me trouxe essa conclusão ironicamente triste: acredito muito mais no dinheiro, na ganância, no egoísmo e na ambição das pessoas do que na sua capacidade de se organizar e atingir algum objetivo.


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