terça-feira, janeiro 28, 2003



Assistir, eu? Imagina, estava só zapeando...

Quando o tal Dilsinho começou a pegar no pé da princesa, reinvindicando seus direitos de sapo-beijado, eu logo pensei com meus botões: bem-feito, Dona Miss, quem mandou dar mole para aborígene (relembrando o célebre termo das garotas do 02 neurônio). Agora vai ter que aguentar o grude durante três meses, tal qual Dona Manoela.

E não é que a princesa logo chutou o rapaz para escanteio, desdenhou do beijo do moço em cadeia nacional e quebrou o coração molenga escondido por detrás daquela jaqueta heavy-metal?? Pobre sapão, quem mandou se meter com essas misses insensíveis...

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Alguém pode me explicar o que é aquele "MTV Casa da Praia"? Há por acaso algum sentido em ver Mr. Edgar tocando violão enquanto duas beldades da anorexia moderna saltitam para a câmera? Careço de explicações...

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Em compensação, Cazé está mandando muito bem na sua caracterização de estórias clássicas do rock. É nonsense, constrangedor às vezes, mas sempre muito engraçado.

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Após chegar do trabalho, deitar-se na cama e colocar a cabeça no travesseiro, será que João Kléber consegue dormir em paz? Ou o mundo ainda vai fazer mal a esta minha alma inocente?

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Triste mesmo é ver o estado da dramaturgia na TV. É impressionante o nível de didatismo a que chegam as tramas e os diálogos nas atuais novelas e mini-séries. Não há mais espaço para meias-palavras, sentimentos reprimidos, silêncios constrangedores. Não é mais permitido que se interprete o subtexto e se abstraia o significado de uma cena. Não é mais necessário fazer tamanha ginástica mental. Tudo é objetivamente explicado, nos mínimos detalhes.

Essa "Casa das Sete Mulheres", por exemplo. Trama histórica, superprodução, possibilidades promissoras. Mas qual o quê... Até me solidarizo com os atores - está certo, Mariana Ximenes é mesmo adoravelmente canastrã, mas nem Fernanda Montenegro daria jeito em um texto tão capenga. Chega a ser infantil de tão auto-explicativo. Após um embate dramático com seu amado, a atriz se tranca no quarto, deita-se em sua cama e, põe-se a chorar?, não, corre a explicar suas aflições ao atento espectador. Meu Deus, como fala-se sozinho nas novelas brasileiras! Em "O Clone" o recurso já era diferente: os pensamentos eram declamados ao fundo, tentando definir pelo texto o que na verdade gostaria de transmitir a indevassável expressão do Murilo Benício.

Tudo isso é sintomático da incapacidade e preguiça do público? Talvez, mas é certamente gerado pela incapacidade e preguiça dos próprios realizadores das produções.

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Pra eu largar de ser chato e ir ler um livro? Parar de exigir qualidade da TV? Ora, então deixem-me aqui com saudades da Maria de Fátima da Vale Tudo, relembrando Tarcísio como Capitão Rodrigo ou Euclides da Cunha, recordando o João da Ega nos Maias.

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