terça-feira, janeiro 28, 2003



Subjetividades

Falei em "subtexto" no post anterior, não foi? O trecho abaixo, descaradamente copiado do blog do Mojo, dá uma pincelada interessante sobre essa palavrinha difícil...

Não consigo decidir o que me parece pior: confundir arte com entretenimento ou achar que toda obra de arte deve trazer embutida a possibilidade de redenção ou, pior ainda, algum sentido edificante intrínseco. Criadores em geral são, por princípio, moralistas, mas faz parte da natureza paradoxal de sua atividade evitar ao máximo a armadilha de ser moralizante. É por isso que o subtexto é tão importante, principalmente nas artes narrativas (literatura, cinema etc.), que por sua própria natureza exigem a presença de uma certa ambigüidade para que possam funcionar. Subtexto não é uma moral da história, e muito menos uma mensagem. Subtexto é aquilo que o autor diz, mas não mostra. Aquilo que o autor mostra, mas não descreve. Aquilo que o autor descreve, mas não explica. O subtexto é o vácuo que cria a tensão necessária para a narrativa operar seus truques (ou sua mágica, se quisermos ser românticos). Mas certo, deixa isso pra lá.

Provavelmente essa não foi a intenção do Mojo, mas li esse texto como uma reflexão adicional ao embate MV Bill x Cidade de Deus. Afinal, qualé o papel e até onde raios vai a responsabilidade (?) de uma manifestação artística? Mas, como diria o Inagaki, tergiverso...

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