Mensagens furtivas. Idéias desconexas. Notícias ao léu. Opiniões duvidosas. Visões de Pasárgada
segunda-feira, fevereiro 10, 2003
A Festa e Eu ou
It's the real thing! ou
Friends will be friends ou
Fucking bloody introversion...
Vamos lá, às favas com a originalidade e a rapidez. Também sou filho de Deus e também quero escrever sobre a Festa, mesmo depois de já ter lido vários depoimentos lindos de muita gente que esteve por lá. Mas, como cada um teve a sua festa, custa nada contar um pouco da minha.
Na lata, a Festa foi ducaralho. E surpreendente. Surpreendente sim, e talvez possa me explicar melhor com uma estorinha contada na própria festa, debaixo da garoa quente paulistana, pela querida Camila. Naquela mesma tarde de sábado, Camila havia dito à uma amiga que iria numa festa de "gente que tinha conhecido na Internet". A amiga da Camila então, num defensivo preconceito contra o novo, reagiu desgostosa: "nossa Camila, amigos da Internet, mas você não precisa disso"...
A ficha caiu. Essa é a questão: não se trata de precisar. Se trata de querer. Querer conhecer pessoas legais, encontrar gente fina, elegante e sincera. Interagir, se comunicar, trocar idéias, se encontrar no outro. Necessidades humanas muito mais antigas que a vovó de bicicleta. Internet ou clube, blog ou troca de cartas, tudo isso é detalhe processual. O que importa é a interação. E aquilo ali era real. A festa era a prova de que aquilo era real.
E só mesmo um sujeito com o carisma e a energia do Marcaurélio para fazer o pivô e colocar toda essa comunidade virtual num mesmo lugar. Marcão, tú é magnético, cara. Feio, gordo, careca, mas magnético! Parabéns mesmo.
Mas eu minto um pouco aqui. Talvez, pelo tamanho do evento, a ficha caiu com mais força naquele sábado à noite. Mas eu já tinha encontrado muito antes provas concretas das pessoas lindas que se pode encontrar atrás de um nickname. Esses malucos do Neurônio Descontrol já faz tempo não são mais apenas nicknames, já são amigos, já têm estória, já moram aqui no coração.
Mas voltemos à Festa. Chegamos ali eu, minha linda pequena (peculiarmente maior do que eu, devido a um salto alto desonesto... tudo bem, era aniversário dela, posso perdoar o deslize...) e o bando de amigalhaços neurônicos. Tinha já sido apresentado às figuras mitológicas de Deus, Menina da Torre e Quem??, sem contudo ter aprofundado muito a prosa. Espiava os rostos conhecidos com curiosidade, investiguei algumas etiquetas de rabo de olho. Não abordei ninguém, porém. Começou a garoa, sentamos lá dentro, as meninas foram dançar. Chegou a hora das filosofias de mesa de bar, e deu até mesmo para defender algumas teorias existenciais com o Fazão, o Róbers e com Deus. Claro que Deus não suportou muito minhas idéias de filisteu e fui devidamente fulminado pela sua ira em menos de dois minutos. Um prazer, é claro... E a festa foi rolando, entre boas conversas com a turma já conhecida e algumas cervejas para aplacar o calor.
Chega-se então à minha frustração da noite. Apesar de tudo ter corrido maravilhosamente bem, além do trio carioca, acabei não conhecendo mais ninguém novo. Como já estava bem acompanhado, me resignei à minha introversão e não saí em busca de pessoas que, juro, eu queria muito conhecer. Pessoas que já tive o prazer de conhecer pela net, como o Pedro Nunes e a Paulita Foschia, ou outras de quem simplesmente admiro muito o trabalho, como a Daniela Abade e o Fábio Fernandes.
Sei que isso não é nada simpático, mas é um comportamento com o qual já venho travando batalhas há algum tempo. Penso demais, tento achar o momento ideal, passo a achar que serei incoveniente, recolho as armas e permaneço na minha. É como se a abordagem me tomasse muita energia, e eu acabasse por desistir da empreitada. Tudo besteira, eu sei. Mas o fato é que sou eu quem acaba perdendo a oportunidade de conhecer gente nova. E o pior, gente que eu já sei que é legal.
Fiquei na espera do momento certo e quando vi, já era tarde demais. Devido a duas doses generosas de whisky servidas pelo gentil bar-man da festa, a certa altura confesso que já estava alto demais para travar qualquer contato inicial. Passei então a fazer juras de amor e amizade eterna aos meus amigos neurônicos, juras estas que, mesmo sinceras, não deixavam de conter aquela peculiar pieguice etílica.
E foi isso. Valeu aos amigos pela companhia e carinho de sempre e desculpas àqueles com quem deixei de conversar. Sei que quem perdeu a oportunidade fui eu. Mas outras oportunidades devem vir, assim espero. Confesso que funciono melhor em mesa de bar, ambientes menores, conversa solta. Taí uma boa pedida para uma próxima vez.
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