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sexta-feira, fevereiro 14, 2003
Mais Gangues...
Desculpem voltar ao assunto, mas me lembrei de mais algumas coisas que gostaria de dizer sobre o "Gangues de Nova York".
O filme estava em fase de finalização pouco antes de 11 de setembro de 2001. Por causa dos atentados, a Miramax achou por bem adiar o lançamento por mais de um ano. O medo dos executivos do estúdio era mesmo compreensível. O filme de Scorsese, sob vários ângulos, é extremamente incisivo. Toca em feridas ainda abertas, feridas que tem sido protegidas pelo atual pensamento comum da Doutrina Bush.
De uma maneira geral, só o fato de ter como personagem principal uma Nova Iorque dominada pela barbárie, já é um fator delicado. Mais especificamente, existem diversas críticas soltas pelo filme. Podem ser interpretadas como críticas ao modus operandi usual da política, mas, se quiserem, a carapuça pode servir plenamente em alguns casos mais notórios.
Por exemplo, em determinado momento, os políticos locais, mancumunados com as gangues, se esforçam para manipular as eleições. A sequência é hilária e ilustra literalmente o que deveria ser o nosso tradicional "voto de cabresto". Não conseguindo mais "arrastar" seus eleitores até a urna, alguns políticos exibem preocupação. O mais experiente deles, porém, tranquiliza os demais: "não se esqueçam que, na democracia, o que define uma eleição não são os eleitores, mas os apuradores".
A sorte de Scorsese é que Bush não deve ter entendido a piada.
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