quinta-feira, outubro 10, 2002



Já que estou mesmo sem assunto e já que neste sábado estarei de volta ao Pacaembu, resolvi remexer o baú de velharias. Para quem interessar possa, eis abaixo algumas lembranças do começo deste ano...

Roger Waters - São Paulo - Março, 2002

Já vou logo dizendo que não sou um fã do Pink Floyd, não tenho nenhum disco, nem ao menos sabia que Roger Waters era o baixista do grupo. Não me xinguem por isso. Conheço a banda pelos seus (grandes) clássicos que tocam nas rádios e por alguns amigos fanáticos. Aliás, uma das razões que me levaram ao show foi uma dessas amigas fanáticas. Tudo bem, era o sonho dela, não podia negar a companhia. Por outro lado, sei também que o Floyd é fundamental, tem grandes músicas e que a oportunidade seria única. Então fui... fui ver o show do Pink Floyd. E até que o tal Roger Waters valeu a pena...

Mas não foi tão fácil assim. Apesar de ter conseguido o ingresso por só 20 reais, tive que pagar meus pecados em 2 horas de congestionamento até chegar ao Pacaembu. Afinal era um dia histórico, concerto do Floyd somado ao maior congestionamento da Terra. 220 km!! Imaginei como estariam os fãs naquela hora, presos no trânsito, loucos e ensandecidos, prestes a perder o momento esperado por mais de 20 anos. Bem, mas tudo acabou dando certo, a chuva também ajudou, derrubou uma torre de luz e o show atrasou mais de 40 minutos. No final, chegamos, sentamos e tudo começou após apenas 10 minutos. Perfect timing!

Luzes, câmeras e Roger Waters, compenetradíssimo, detonando seu baixo. Aquela orquestra maravilhosa (sim, aquilo é uma orquestra) arrepiando o Pacaembu com todos os seus famosos arranjos apoteóticos e hipnotizantes (era só o início, The Days Of Our Lives). Já logo ali, chega o hino, Another Brick on the Wall, e a galera solta os pulmões. Foi simplesmente bonito.

Aí veio Mother, belo poema (me lembra Dylan...), e mais algumas músicas que não conhecia. O som, o telão e toda a produção vão chamando a atenção. Tudo bem, eu estava sentado longe pra dedéu, mas mesmo assim curti o espetáculo visual. Pra fechar a 1º parte, Wish you were here, pra qualquer fã chorar. Eu não, lógico, sou macho, só cantei junto...

Intervalinho de 20 minutos, respirar e analisar o ambiente. Público eclético e tranqüilo. Cabeludos (alguns), patricinhas (surpresa, muitas), famílias inteiras e galeras várias. As arquibancadas estavam cheias e a pista (com cadeiras...) vazia pela metade. Retrato do Brasil, os lugares podem até sobrar, mas os organizadores gente boa não abaixam os preços. Se queima o café, mas não se vende barato.

No segundo tempo, alguns outros clássicos como Time (muito legal...) e Money. Daí vieram algumas músicas da carreira solo e, confesso, me deu um pouco de sono (poxa, a sexta foi braba, tava cansado...). Pra acordar, o gran finale, com a pensante Comfortably Numb recitada por 20 mil pessoas. Teve ainda o bis com uma música nova feita pra Anistia Internacional. Foi bonito e tal, mas já era meio o anticlímax.

Resumo: show impecável, profissionalíssimo, certinho em todos os detalhes. Pra mim, um não-fã curioso, confesso que não teve aquele tesão, aquele êxtase quase sexual dos grandes shows de rock (vcs sabem do que estou falando, não??). Mas valeu muito a pena, valeu mesmo.

Depois ainda teve uma gostosa caminhada pelas ruas do Pacaembu, bairro tradicional e muito legal de Sampa. Noite linda, quente, cheia de estrelas... E, pra terminar, uma boquinha no Burgão da Doutor Arnaldo. Dá pra querer mais? Ê, São Paulo...

Nenhum comentário: