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sexta-feira, outubro 11, 2002
Livros & dissimulação
Não leio muitos livros. Pelo menos, não tantos quanto gostaria. Confesso que tenho inveja de alguns amigos que consomem facilmente um livro num fugaz fim-de-semana. Ou de certas listas que já li em diversos blogs, feitas por algum desses leitores vorazes, estabelecendo a marca de trinta, quarenta livros lidos apenas neste ano corrente. Meu cunhadão de além-mar, o Peter, é uma dessas traças humanas. Compra sempre três ou quatro livros de uma vez e devora todos em menos de duas semanas. Sem nenhuma ironia, admiro muito isso.
Meu ritmo é bem menor que esse. Minha média tem sido, entre altos e baixos, um livro por mês. Não que eu não goste de ler. Adoro, e acho essencial. Mas sou preguiçoso, além de indisciplinado. Talvez alguns outros interesses também me desviem dos livros e me levem a prazeres de consumo mais fácil, como CDs, revistas, jornais, séries de TV e filmes. Ou mais fáceis ainda, como bater papo em mesa de bar. Mas isso tudo é desculpa; o fato é que gostaria de ler mais.
Por essa razão (a lerdeza da minha leitura), raras foram as vezes que repeti um livro. Imaginem, com minha paulatinidade e me sentindo devedor com todos os grandes mestres da literatura mundial, como eu poderia gastar tempo lendo um livro novamente? Próximo da fila, por favor... Pensando bem, acho que nunca tinha feito isso antes.
Agora já fiz. Mês passado (olha a minha média aí...) peguei novamente Dom Casmurro, do Machado de Assis, para ler. Havia acompanhado a saga de Bentinho na época, e com o objetivo, do vestibular, lá nos idos de 1992. Definitivamente, dá para saborear muito melhor as ironias do Machadão depois de ganhar mais dez anos de bagagem nas costas.
Mudando de assunto um pouco, só para concluir. Meninas, acordai. Ao invés de reclamar que a situação está difícil, que faltam homens no mercado, que nenhum moçoilo mais quer compromisso, eis a minha dica: sigam os ensinamentos de Capitu. Está tudo lá. Sonhas com rapazes comendo na tua mão, abanando o rabinho feito cãozinhos? Leiam-na e releiam-na. Sejam oblíquas e dissimuladas. Aí então, coitados de nós...
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